Privilégio é direito de um ou de poucos, excludente das maiorias, não democrático, num País onde se diz que “a lei é para todos” e que “todos são iguais perante a lei”. Neste país democrático e republicano, em tese, sem castas, sangue azul, marajás são “escolhidos pelo poder divino” para reinar acima dos demais.
No Dia da Mentira, a realidade esfregou na cara dos brasileiros uma verdade que dói e que se faz um grande esforço para dissimular.
Um “filhinho de mamãe” dirigindo um Porsche, em excesso de velocidade, provavelmente embriagado ou sob efeito de drogas ilícitas, abalroou um carro de aplicativo, destruindo o veículo e a vida do motorista, pai de família, em cena hollywoodiana de filme de perseguição.
Em seguida, o matador evadiu-se do local, sem sequer esboçar qualquer interesse de prestar socorro à vítima e sua mãe foi falar com o policial que apurava a tragédia, dizendo que o filhote tinha ido ao hospital.
Quando a ‘mamy’ foi à delegacia apresentar o “empresário” Fernando Sastre de Almeida Filho, de 24 anos, ele se recusou a submeter-se ao bafômetro. Alguma fiança, legal ou ilegal, deve ter sido paga porque o jovem mancebo saiu pela porta da frente, como saem grandes traficantes quando pagam propinas a agentes de segurança em presídios dito ‘invioláveis’. Entrou numa BMW e foi encontrar o Porshe que ficara na mansão…
Há duas semanas, Robinho foi trancafiado, a pedido da Justiça italiana, por estupro coletivo. O que se discutiu foi se ele passaria a Semana Santa em casa. A deputada Zambelli, impune em uma tentativa de homicídio de um negro, alardeou que Janja teria interferido na decisão de prender o estuprador. Outro ícone do futebol, também estuprador, foi liberado da cadeia na Espanha, por uma fiança milionária.
Assim também foi com os “meninos” que em Brasília queimaram o índio Galdino. Todos muito bem colocados em bons empregos, em vez da sombra das grades.
Em Campina Grande, netinho do dono da Café São Braz atropelou propositadamente um guarda de trânsito e nunca foi preso.
No Rio de Janeiro, o filho de Eike Batista atropelou um ciclista e ficou por isso mesmo.
Gustavo Gayer não é o único parlamentar atropelador, mas só ele matou dois, dirigindo bêbado e nunca pagou pelos crimes.
Já a pena de morte, também não escrita, mata diariamente. E não é só em São Paulo, onde a polícia de Tarcísio e Derrite, em nome da morte aos bandidos, mata também policiais e mães de família.
Sendo preto e pobre, está condenado à pena capital, da mesma forma que os donos do capital não sofrem penas por seus crimes, mesmo que matem dirigindo bêbados.