O cenário recente no Oriente Médio, que tem como protagonistas Israel e o grupo extremista Hamas, evoca as cicatrizes de conflitos anteriores e joga luz sobre a fragilidade da paz em territórios historicamente conturbados.
O sábado de 7 de outubro de 2023 marcou uma escalada significativa de violência, com o Hamas executando um ataque surpresa que desencadeou um dos confrontos mais letais em décadas. Israel, surpreendido pela audácia e pela magnitude da ofensiva, respondeu à altura, declarando que “estamos em guerra e vamos ganhar”.
O saldo? Em Israel, quase 900 mortos desde o início do conflito, um número assombroso que supera três vezes a soma das vítimas fatais entre 2008 e 2022. Na Palestina, a mortandade também se mostrou preocupante, registrando seu pior índice desde 2014. Em ambos os lados, a maioria dos falecidos eram civis, vítimas inocentes de um cenário de tensão crescente.
Mas, como chegamos a esse ponto? O Hamas, considerado grupo terrorista por várias nações, tem, ao longo dos anos, procurado consolidar sua presença e influência em territórios palestinos. Esse recente ataque, que teve foco na fronteira da Faixa de Gaza e envolveu múltiplas frentes de ofensiva, incluindo lançamento de foguetes e invasões por terra, ar e mar, ressaltou as vulnerabilidades de Israel.
E a retaliação de Israel, capitaneada por palavras fortes do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, refletiu a determinação do país em defender sua soberania a qualquer custo. Porém, como em qualquer guerra, os custos são imensuráveis. Ambos os lados contam seus mortos, feridos e traumas.
A Faixa de Gaza, frequentemente no epicentro desses confrontos, é um território marcado por desafios. Com 2 milhões de habitantes em uma área comparável ao tamanho de um estado brasileiro pequeno, como Santa Catarina, enfrenta pobreza, superpopulação e embargos.
Essa mais recente onda de violência é um triste lembrete de um conflito que se estende por quase um século. Desde 1947, quando a ONU propôs a criação de dois estados distintos – um judeu e um árabe – na Palestina, a região tem sido palco de batalhas, diplomáticas e militares.
Como comunidade global, resta-nos torcer e trabalhar por uma solução duradoura. A história nos mostrou repetidamente que o caminho militar raramente é a solução. E, enquanto líderes debatem e se confrontam, são os cidadãos comuns que pagam o preço mais alto. Espera-se que esta seja a última página sangrenta desta longa e triste saga.
*Publicado originalmente na edição impressa do AGORA RN desta terça-feira, dia 10 de outubro de 2023.