Nenhuma informação ilustra tão bem o indício de que Rogério Marinho (PL) teria usado o Ministério do Desenvolvimento Regional para privilegiar aliados, em troca de apoio político-eleitoral, do que o fato de que não foram enviados por ele recursos para o Governo do Estado – nem mesmo através do orçamento secreto.
Quem chamou a atenção para o fato foi Carlos Eduardo Alves (PDT), adversário de Rogério na corrida para o Senado que, na semana passada, entrou com ação na Justiça Eleitoral acusando o ex-ministro de abuso de poder político e econômico.
Ao AGORA RN, Carlos desmontou a narrativa de Rogério Marinho, que negou ter privilegiado aliados quando de sua passagem pelo Governo Federal. “Por que não foi destinado um centavo para o governo do Estado? O que é isso? Como ele (Rogério Marinho) dá R$ 11 milhões a Acari (que dê, pode dar até mais), mas não dá um centavo ao Governo do Estado? Isso é falta de critérios, falta de transparência. O governo é de quem? É do povo brasileiro. O governo tem que ser republicano, não pode ser um governo apenas para apoiar correligionários com o dinheiro da população”, afirmou o candidato do PDT.
Com essas perguntas, Carlos Eduardo acabou com as explicações de Rogério Marinho. Ficou exposto que aliados realmente receberam mais, sendo que o governo estadual – administrado pela adversária Fátima Bezerra (PT) – ficou chupando o dedo. A provocação de Carlos prolongou o debate em torno do assunto.
Outros exemplos do possível privilégio dado por Rogério a aliados já haviam sido mostrados por Carlos Eduardo. Na mesma entrevista ao AGORA RN, o candidato do PDT ressaltou que São Tomé – administrada por um aliado de Rogério – recebeu muito mais recursos do MDR do que Currais Novos – cujo prefeito é do PT. Pelo critério populacional, deveria ser o contrário, já que Currais tem 3 vezes mais habitantes do que São Tomé. Qual o critério?
Depois que Carlos Eduardo entrou com a ação questionando a destinação do dinheiro, 114 prefeitos – por estímulo de Rogério – reagiram com uma nota dura. Como o AGORA RN analisou antes, essa estratégia do ex-ministro pode acabar saindo pela culatra. Ao criar uma situação em que prefeitos reagiram com violência, Rogério acabou trazendo para o coração da campanha o debate em torno da origem dos recursos trazidos para o Rio Grande do Norte. E isso não é bom para ele.
Questionamentos foram levantados acerca do orçamento e seus critérios secretos. E ainda mais essa: se Rogério conseguiu atrair milhões de reais para o Rio Grande do Norte, por que nenhum recurso enviado ao governo de Fátima Bezerra? Por que prefeitos de cidades minúsculas receberam vultosas quantias? O fato de ser aliado de Rogério Marinho é que foi determinante?
A sociedade espera respostas sobre como seu dinheiro está sendo aplicado.