A cada 31 horas, o cidadão da capital potiguar tem à disposição uma pesquisa eleitoral de intenções de voto para Prefeitura do Natal. É um festival de levantamentos para todos os gostos políticos, partidários, ideológicos e que tem feito claques e bases se movimentarem ao sabor dos números. Um “Pesquisapalooza” que não deixa ninguém parado. Desde que a campanha começou oficialmente, no dia 16 de agosto, foram registrados 31 levantamentos em um intervalo de 41 dias.
Aferições eleitorais realizadas pelos mais diversos institutos de pesquisa e diferentes metodologias de coletas de dados. De presencial, com o pesquisador diante do eleitor, até por telefone. Uma busca por captar a tendência do eleitorado de Natal. E enquanto os candidatos promovem nas TVs, Rádios e Internet suas performances para angariar a simpatia do eleitor no melhor estilo “rockstar” ou desconstruir com cores apagadas e trilhas tenebrosas os rivais diretos em suas ambições de vitória, os números dançam para lá e para cá.
A pesquisa tem o poder de indicar a tendência do movimento do eleitorado no intervalo de tempo em que ela foi realizada. Ou seja, mostrar o posicionamento de A, B e C na disputa. O ritmo, a velocidade e o tom distintos entre alguns deles chamam atenção e levantam questionamentos inevitáveis: qual o objetivo de uma pesquisa eleitoral para divulgação pública? E como levantamentos sobre o mesmo eleitorado podem oferecer resultados tão distintos?
No caso de um veículo de comunicação, é apontar um retrato estatístico das intenções de votos. Para o candidato, serve para nortear a campanha e sinalizar eventuais ajustes. Contudo, as pesquisas também podem servir de instrumento de campanha se os números favorecerem um candidato em detrimento de outro. Sobre a disparidade entre resultados, metodologias de coletas, distribuição de questionários ou outros vícios na confecção do levantamento podem levar a números díspares entre institutos. Padarias diferentes, pães diferentes.
O cientista político, PhD, e especialista em Pesquisa de Opinião, Geraldo Tadeu Monteiro acredita que apesar de as pesquisas desempenharem papel importante na decisão do eleitor, não há influência relevante na massa total de votantes. Estudo conduzido por ele aponta que apenas 5% dos eleitores podem mudar de voto em caso de seu candidato não ter chance.
Diante de um cenário extremo, com uma saraivada de pesquisas disparada num curto espaço de tempo, há chance de o efeito, inicialmente diminuto, ter seu efeito potencializado? E em uma eleição apertada, o efeito pode ser determinante? São respostas que, infelizmente, não serão possíveis nessas linhas. A sugestão é para que faça sua escolha diante daquilo que você acredita e que entende enquanto melhor para a cidade. Não apenas isso. Faça campanha. Peça o voto. Defenda o sonho. Não permita que estatísticas escolham por você.
Bruno Araújo é jornalista, escritor e especialista em Comunicação Pública