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Bruno Araújo

Homem de confiança

Confira o artigo de Bruno Araújo nesta sexta-feira 9
Bruno Araujo
09/05/2025 | 05:13

Quando o “Espírito das Leis” foi publicado, em 1748, veio ao mundo de forma mais estruturada e organizada a proposta de divisão dos estado entre Legislativo, Executivo e Judiciário. Uma equalização amparada por freios e contrapesos capazes de delimitar o fazer, regular e punir. A ideia que ganhou corpo no texto de Montesquieu propunha evitar que o poder concentrado permitisse abuso e opressão.

Entender essa lógica é fundamental para compreender como a escolha pelos partidos, grupos econômicos, ideológicos ou representantes dos trabalhadores fazem suas escolhas sobre apoiar ou não um determinado candidato.

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Livro “Espírito das Leis” - Foto: Reprodução

Da mesma forma, o próprio eleitor pode ser capaz de tomar decisões mais próximas de sua realidade para obter uma representação legítima entre o que deseja de um legislador e de um chefe do Executivo, por exemplo. O pequeno preâmbulo vem em virtude da especulação de que o senador potiguar Rogério Marinho (PL-RN) poderia ser uma alternativa da extrema-direita para as eleições presidenciais de 2026.

De acordo com a colunista Bela Megale, do jornal O Globo, um grupo político ligado a Bolsonaro tem buscado viabilizar Marinho candidato, apesar de Tarcísio de Freitas ser favorito nas pesquisas. Há quem prefira Rogério sob a justificativa de que a fidelidade a Bolsonaro seria maior.

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Mas a quem um político deve fidelidade? Ao seu patrocinador eleitoral e os grupos de interesse que desejam ter suas pautas em destaque ou ao povo, que de fato, o elege? Marinho, por exemplo, foi relator da Reforma Trabalhista responsável por precarizar condições de trabalho, ampliar informalidade e gerar impacto no regime de aposentadorias. O senador também foi articulador da Reforma da Previdência que provocou redução do valor dos benefícios, aumentou tempo de contribuição e ampliou a desigualdade social para aqueles que ganhavam menos.

Vê-lo como senador é algo natural e aceitável, posto que o Legislativo precisa oferecer representatividade à sociedade como um todo, inclusive os mais abastados. Contudo, ao se pensar na Presidência da República, é o comando da nação em jogo. É preciso alguém que entenda que salário mínimo não se congela, sob pena da fome alcançar os vulneráveis.

Também é necessário que o indivíduo conceba que uma negociação entre patrão-empregado é desleal naturalmente em virtude da relação de poder. Por fim, para ser presidente da República, não se pode defender anistia a quem desejou, conspirou e se enfileirou para derrubar essa mesma República a qual se cogita a presidência.

E ao contrário de um Legislador que conta apenas com o próprio voto, e talvez, sua capacidade limitada de mobilização, um presidente tem o poder de fazer. Por isso, ele (ou ela) precisa ser da confiança do povo. Não de Bolsonaro, Lula ou de qualquer outro indivíduo ou entidade que seja. Um potiguar, presidente, seria ótimo. Mas não qualquer um.