O deputado estadual Gustavo Carvalho segue reclamando após sua derrota para o também deputado George Soares na disputa por uma cadeira no Tribunal de Contas do Estado (TCE). A vaga era da Assembleia Legislativa e foi votada pela Casa. George se sagrou vencedor por 12 a 11.
Carvalho, em recente discurso no plenário da Assembleia, jogou indiretas pela neutralidade expressada pelo presidente Ezequiel Ferreira, a quem tinha como amigo, ele alegou. Gustavo contava com o voto de Ezequiel.
Ora, é fato notório que o PSDB de Ezequiel e o MDB do vice-governador Walter Alves disputam espaços de forma frenética com o PL de Rogério Marinho nos pleitos municipais. A eleição para o Governo do Estado e o Senado de 2026 já está antecipada. E Gustavo Carvalho queria algo que Ezequiel, um senadorável, era incapaz de entregar. Gustavo no Tribunal de Contas fortaleceria Rogério Marinho (de quem Gustavo é aliado). Sem falar que abriria vaga na Assembleia Legislativa para Getúlio Rêgo (PSDB), suplente de Gustavo, também aliado de Rogério Marinho.
Não fazia sentido para Ezequiel fortalecer Rogério. Gustavo extrapolou sua noção de amizade para cobrar algo que trairia o interesse de Ezequiel de modo bastante frontal e objetivo. A vitória de George Soares, de quem Ezequiel é aliado, abriu também vaga na Assembleia para Vivaldo Costa (PV), outro próximo do presidente da Casa.
Gustavo foi ingênuo, não calculou o modo como a disputa teria desdobramentos. Esperou que seu amigo fosse contrário a si mesmo em favor dele. Se fosse questão de amizade, aliás, Gustavo jamais cobraria isso de Ezequiel Ferreira.
UM NOVO ARTICULADOR
O secretário extraordinário de Gestão e Projetos Especiais (SEGP), Adriano Gadelha, tem se destacado também no fortalecimento da equipe de articulação do governo. É a opinião de petistas com quem o blog conversou. Segundo interlocutores, Gadelha tem conversado com deputados estaduais e outras lideranças políticas do RN.
A VERDADE IRÁ SE IMPOR
Deputados de oposição e setores da imprensa estão comparando janeiro, fevereiro, março e abril de 2024 em sua arrecadação de ICMS no RN com os mesmos meses de 2023. O argumento maroto de fundo é que muita gente não sabe ou não se lembra que a alíquota de 20% do imposto somente passou a ser cobrada em abril de 2023 e só se realizou plenamente em maio de 2023. Daí que a comparação visa criar a confusão dando conta de que, com a queda a partir de janeiro de 2024 de 20% para 18%, ainda assim a arrecadação aumentou. Só que, de janeiro a abril de 2023 e o mesmo período de 2024 a alíquota cobrada de ICMS era a mesma – 18%.
A questão é que só é possível comparar qual o impacto de cortar 2 pontos do ICMS a partir de maio de 2024. E, ora, quando se compara maio de 2024 com o mesmo exercício de 2023 fica evidente que a consequência foi de queda na arrecadação e não a fantasia de que, com corte de imposto, a arrecadação iria aumentar (isto sem mencionar que os preços ao consumidor não caíram).
E aí não adianta criar confusão na análise. Os próximos meses também irão revelar o mesmo problema, porque imaginar que vaca flutua no ar tende a se impor como falso. E daí a mentira só irá ganhar amplitude. A verdade já se manifestou pelos fatos e tenderá a se fortalecer.