A entropia é um conceito da física normalmente associado ao grau de “desordem” ou “aleatoriedade” de um sistema. Para tornar prática a visualização, imagine uma empresa de enquanto um sistema. Um novo componente é introduzido com a missão – de promover a transição da empresa para a exploração de energias renováveis e afastar-se dos investimentos em combustíveis fósseis – de executar um projeto de longo prazo.
O problema é que a pressão externa da política aumenta o calor do sistema, os interesses diversos da companhia induzem o aumento da pressão, e consequentemente a agitação nesse sistema não é comportada e o componente inicial introduzido acaba dissipado no calor sem que seja permitido que o futuro projetado aconteça. Uma aposta clara na entropia, na desordem, na incerteza.

A breve ilustração esboça o pano de fundo da jornada abreviada de Jean Paul Prates no comando da Petrobras. Da sua entrada até a saída da companhia, após meses de fritura patrocinada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), e o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT). O presidente Lula (PT), político experiente e hábil, escolheu o caminho curto e fácil em detrimento do planejado. E com requintes reprováveis, visto que demitiu o gestor sob testemunho dos algozes.
Não importou a história de realizações e o projeto de futuro. Como secretário da pasta no RN destinada a Energias Renováveis, criada no governo Wilma de Faria, Jean-Paul iniciou um movimento que colocou o estado não apenas no mapa da produção de energia eólica, mas como um dos principais players do país. Com tempo e confiança, implementou a visão técnica e criou bases para uma indústria se edificar em solo potiguar.
Já como presidente da Petrobras, pactuou com o Governo do RN estudos de viabilidade voltados à implantação de planta piloto de energia eólica offshore. Também anunciou cooperação com Instituto Senai de Energias Renováveis do RN (Senai-ER) para a construção de uma planta piloto para avaliar a produção e utilização do hidrogênio. Esses e outros investimentos no Rio Grande do Norte agora vão para o telhado. Não há qualquer convicção possível de que, a gestão que substituirá Jean-Paul dará manutenção aos projetos sinalizados para o estado.
A incerteza também se abate sobre a instituição e a transição energética prometida. A instabilidade resultou na queda das ações na Bovespa, a certa altura, de 9% e uma perda de valor de mercado no montante de R$ 35 bilhões. Não há dúvidas de que as decisões políticas cobram seu preço, nesse caso, com o Rio Grande do Norte com o risco de pagar parte da fatura, mais do que o próprio Jean-Paul Prates. Sem representação relevante no Governo Federal, o estado pode voltar a ser visto, apenas, como um pontinho distante de Brasília.