O senador Rogério Marinho (PL-RN) criticou a proposta do Governo Lula de isentar o Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês. Em entrevista à CNN Brasil, o líder da Oposição no Senado classificou o anúncio como “factoide” e, apesar de o governo ter apresentado uma proposta de compensação, reclamou do impacto fiscal da medida, estimada em cerca de R$ 35 bilhões por ano.
“Esse governo tem se caracterizado por factoides. Ao mesmo tempo em que apresenta um pretenso pacote de contenção de despesas, paripasso apresenta um projeto que, à primeira mão, parece inexequível: diminuir a tributação do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, nesse quadro de descalabro, de descontrole fiscal. Ou seja, diminuir a receita do governo”, afirmou Rogério.
Rogério se queixou, ainda, que o governo está propondo “aumento de tributos” para quem ganha acima de R$ 50 mil, como medida para compensar a perda de receita ocasionada pela isenção para os mais pobres. A ideia apresentada apelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é que os mais ricos que ganham acima de R$ 50 mil por mês paguem um mínimo de 10% de IR.
Para Rogério, a medida pode gerar fuga de capital. “A fórmula que está sendo apresentada pelo governo em 2026 é aumentar impostos para quem ganha um pouco mais. Você acha que é possível, num mundo em que vivemos, com descontrole fiscal, falarmos de suprimir receitas e aumentar impostos? Por isso estou dizendo que é inexequível”, afirmou o parlamentar bolsonarista.
Ao dizer que o governo é “atabalhoado”, o senador falou também sobre o pacote de contenção de despesas apresentado por Haddad – que inclui, entre outras medidas, uma revisão na política de valorização do salário mínimo. Ele disse entender a tensão registrada no mercado durante a semana.
“Não é à toa que a reação do mercado é de ceticismo. O governo coloca ações que só vão ser implementadas se houver uma boa vontade do Legislativo, depende de outros atores. O que depende deles está sendo procrastinado. Não há reformas estruturantes, talvez alguma coisa relacionada a Abono”, enfatizou o líder do PL no Rio Grande do Norte.
O senador criticou o presidente Lula, afirmou que o Governo Federal perdeu a conexão com os brasileiros e classificou como pirotecnia e “jogar para a galera” a criação desse pacote de corte de gastos.
“O Lula está cada vez mais desaprovado, está cada vez mais distante da sociedade e tenta, através de medidas pouco eficazes, sair do córner em que eles se encontram”, disse.
Senador vê inércia de Lula na reforma administrativa e corte de super salários
Rogério Marinho questionou a maturidade do Congresso para ser favorável à proposta de baixar os super salários do funcionalismo público, e o motivo do governo não propor uma reforma administrativa.
“O que é conversa, pirotecnia e uma ação efetiva? Esse governo fez uma série de compromissos salariais e aumentos salariais com os funcionários públicos federais. Está fazendo uma série de concursos públicos, aumentando o tamanho da máquina pública e fala que vai economizar um bilhão de reais por ano nessa questão de contenção de cargos comissionados e, eventualmente, de super salários”, disse.
O senador afirmou que não houve pressão por parte do governo federal para que o projeto do super salário fosse votado, e que esse projeto já está pronto no Senado. “É um governo sem criatividade que está no córner tentando fazer pirotecnia. Infelizmente, quem perde com isso é a sociedade brasileira. Está aí o preço do dólar, está aí a inflação, está aí o juro futuro. Então, tudo isso impacta na nossa economia. O governo precisa parar de brincar com a vida dos brasileiros”.
Rogério classificou essa medida como eleitoreira e orientou que se o governo deseja fazer algo com relação ao gasto público, deve fazer um orçamento real e retirar o dinheiro que foi colocado a mais. “Nós estamos crescendo à custa de dívida pública e isso nós já sabemos qual é o resultado. Você sabe o que vai acontecer mais adiante. Eles estão bancando com a sociedade brasileira”.