O assunto já foi motivo de polêmica, eu sei. Mas precisamos voltar a ele, inclusive para reposicioná-lo técnica e politicamente, considerando que estamos em uma ‘janela’ de oportunidade em que certos temas podem ser pautados mais pela razão – com base em dados e evidências – e menos por paixão partidária ou ideológica. Afinal, estamos em um ano não eleitoral.
As obras necessárias para ‘destravar Natal’ precisam avançar. A nossa capital enfrenta congestionamentos diários que comprometem a mobilidade, aumentam o tempo de deslocamento e impactam diretamente a qualidade de vida da população. A solução passa por intervenções urbanas estruturantes, e uma delas é a construção das chamadas trincheiras – passagens subterrâneas que permitem a fluidez do tráfego sem necessidade de semáforos em cruzamentos.

A Avenida Prudente de Morais é um dos exemplos mais emblemáticos desse gargalo. A trincheira no cruzamento com a Avenida da Integração, de responsabilidade do Governo do Estado, já teve recursos disponíveis, projeto pronto e, ainda assim, nunca saiu do papel. Enquanto isso, milhares de pessoas enfrentam diariamente engarrafamentos intermináveis. Precisamos de uma solução concreta para essa obra.
Outra área crítica é a Avenida Hermes da Fonseca/Salgado Filho/BR-101, o principal eixo viário da cidade. A construção de trincheiras nos cruzamentos com as avenidas Alexandrino de Alencar, Nevaldo Rocha, Antônio Basílio, Nascimento de Castro e Amintas Barros é a única resposta factível e eficaz para minimizar os transtornos causados pelo tráfego cada dia mais intenso. Para que essas obras avancem, é fundamental um esforço conjunto entre prefeitura, governos estadual e federal, garantindo planejamento, recursos e execução sem transtornos.
A nova gestão do prefeito Paulinho Freire tem trabalhado em soluções urbanísticas que conciliem a necessidade de fluidez no trânsito com o bem-estar dos pedestres, ciclistas e comerciantes das áreas impactadas. O conceito de ‘TRINCHEIRA HUMANIZADA’ pode ser a resposta ideal. Cidades como Curitiba e Belo Horizonte já implementaram soluções semelhantes, priorizando um desenho urbano que integra passagens subterrâneas com áreas verdes, iluminação adequada, acessibilidade e espaço seguro para quem transita a pé ou de bicicleta.
Intervenções desse porte não podem ser vistas como ameaças ao direito à cidade, mas sim como instrumentos para garantir uma mobilidade mais eficiente e democrática. As trincheiras não apenas destravam o trânsito, mas também reduzem acidentes e melhoram a experiência urbana. O desafio é executar essas obras de maneira planejada, eficiente e sensível às necessidades da população. A oportunidade está posta. Natal não pode mais esperar.