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Vagner Araujo

A nova lei de licitações e o bom senso na administração pública

Confira o artigo de Vagner Araujo desta terça-feira 15
Vagner Araujo
15/04/2025 | 07:37

Desde a entrada em vigor da Lei 14.133/2021, a administração pública brasileira deu um passo importante rumo à profissionalização e racionalização das compras públicas. Por trás das aparentes exigências burocráticas da nova legislação, há um sentido claro: garantir que o dinheiro público seja usado com critério, planejamento e transparência. Nesse contexto, três siglas passaram a fazer parte do vocabulário de gestores públicos atentos às boas práticas: DFD, ETP e PCA.

O DFD – Documento de Formalização da Demanda – substitui de forma estruturada aquele velho e informal memorando em que os setores apenas “pediam” produtos ou serviços, muitas vezes sem clareza sobre o que, quanto, para que e quando. O resultado era desastroso: processos mal instruídos, aquisições sem justificativa e margem ampla para falhas. Com o DFD, a demanda passa a ser justificada e planejada desde o início. Isso fortalece a cadeia de compras, protege o gestor e permite ao cidadão, via Portal da Transparência, entender por que algo está sendo adquirido.

CNC sustenta que muitas pessoas se endividam quando deixam de arcar com seus compromissos financeiros para realizar apostas / Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil
Três siglas passaram a fazer parte do vocabulário de gestores públicos atentos às boas práticas: DFD, ETP e PCA / Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil

Já o ETP – Estudo Técnico Preliminar – corrige outra falha histórica. É o documento que comprova que aquela aquisição proposta é, de fato, a melhor solução para atender à necessidade descrita no DFD. Analisa-se se já há solução disponível, se a compra é mesmo necessária ou se há alternativas mais econômicas e eficientes. Em resumo, é um filtro racional. Algo que qualquer família faz antes de uma compra importante: compara soluções, verifica se já tem o item, se pode ser emprestado ou adquirido de forma mais acessível.

Por fim, o PCA – Plano Anual de Contratações – organiza todas as aquisições ao longo do ano. Além de trazer previsibilidade e eficiência para o planejamento público, ele tem papel relevante na economia local: ao tornar públicas, com antecedência, as futuras aquisições, permite que fornecedores se preparem para disputar essas contratações. Isso democratiza o acesso às compras públicas, especialmente para pequenos negócios. Antes, essa informação era restrita a quem conhecia os bastidores da gestão. Agora, está disponível a todos. Para isso, é essencial que os entes públicos publiquem seus PCAs com clareza e que os fornecedores acompanhem esses documentos, atualizando-se e se planejando para aproveitar as oportunidades.

Longe de serem meros entraves burocráticos, DFD, ETP e PCA representam lógica, racionalidade e zelo com o dinheiro público. São ferramentas que aproximam a administração pública do que faz a gestão privada: planejar, justificar e escolher bem antes de gastar. O Brasil precisa desses avanços e compreendê-los bem é necessário.