Em meio à crise de segurança pública no Rio Grande do Norte, deputados do PL acharam conveniente arrochar na oposição e aproveitar o momento para fazer política. O deputado federal Sargento Gonçalves e o deputado estadual Coronel Azevedo posaram em frente à Assembleia Legislativa ontem pela manhã. Por trás deles, alguns assessores do deputado, que já foi comandante da Polícia Militar numa outra crise de segurança, em 2017, no Governo Robinson Faria, também hoje no PL.
Uma mobilização nas redes sociais para a direita comparecer ao Poder Legislativo às 10h de ontem foi feita. Uma arte publicizada dizia: “Convocamos todos os cidadãos de bem, políticos, e lideranças do nosso Estado para comparecerem ao ATO DE ENTREGA DO PEDIDO DE IMPEACHMENT da governadora Fátima Bezerra”. A arte tinha tom verde-amarelo, com foto de Fátima e a hashtag “O RN quer #ForaFatimaBezerra”.
Para este novo pedido de impeachment contra a governadora, nem mesmo os colegas do PL compareceram. Só alguns assessores de Coronel Azevedo e o assessor do senador Rogério Marinho Carlos Henry Araújo, que é conhecido por coordenar atos de rua da Direita RN. Ninguém na Praça Sete de Setembro. Só mesmo na rampa da Assembleia Legislativa. Cerca de 30 pessoas. Faltou gente ou faltou sensibilidade com o momento?
GIRÃO
Ele não compareceu ontem ao ato de entrega do documento que vai pedir a cassação do mandato da governadora na Assembleia Legislativa. Mas, o deputado federal General Girão (PL), ex-secretário de Segurança no Governo Rosalba Ciarlini, justificou nas redes sociais. “Somos representantes do povo e estamos agindo de acordo com o anseio de milhares de potiguares, que não suportam mais esse desgoverno do caos”, escreveu Girão.
SENSATO
Único do PL que teve sensatez foi o deputado federal Robinson Faria. Quando candidato ao Governo do Estado em 2014, Robinson fez uma campanha em que prometia que seria o “governador da segurança”. Pouco tempo depois, houve paralisação de policiais civis e militares com mais de 20 dias. A imprensa nacional focou caso. Assim, 2017 bateu o recorde como o ano mais violento do Estado, com 2.408 assassinatos, contra 1.995 em 2016. Sabe quem era o comandante da PM? O hoje deputado Coronel Azevedo.
POSIÇÃO
De tanto falar em petistas, o senador Rogério Marinho mostra em suas redes sociais que anda mais preocupado com as bandeiras bolsonaristas do que com a crise de segurança no Rio Grande do Norte. Até agora, ele não participou de nenhuma reunião e, de público, não se colocou à disposição da sua adversária, a governadora Fátima. Até o fechamento da coluna ontem, dos últimos nove posts no Instagram, dois falaram do RN na semana passada. Já sete fizeram oposição ao presidente Lula.
MOTIVOS
Em janeiro de 2018, as condições de sucateamento da segurança no Rio Grande do Norte voltaram a chamar a atenção de todo o país, mas havia paralisação de policiais civis e militares, de quase 30 dias. Era uma forma de protesto pelos três salários atrasados e pela melhoria de condições de trabalho. No caso da época enfrentada pelo Governo Robinson (que não teve culpa), a população presenciava cenas de saques a lojas. A imprensa mostrou pela TV decapitações no Presídio de Alcaçuz. A insegurança tinha motivado o envio de tropas das Forças Armadas pela terceira vez em menos de dois anos. Foram 2.800 homens que fizeram o policiamento nas ruas.
AFAGO
Nas últimas horas, com índices menos violentos no Estado, o ministro da Justiça, Flávio Dino, deixou claro a condução da governadora Fátima Bezerra na crise. “Por orientação do presidente, estou aqui no RN ouvindo a governadora e autoridades da segurança. Hoje temos 700 homens das forças federais no Estado e o controle progressivo da crise, sob a coordenação da governadora. Podemos ampliar o efetivo caso seja necessário. Também estamos realizando ações integradas de inteligência e transferência de presos”, declarou o maranhense, que foi colega de Fátima até o ano passado.
AÇÕES EFETIVAS
O Governo Fátima vai receber um extra de R$ 100 milhões para investimentos na segurança em 2023. Serão R$ 20 milhões para aluguel e aquisição de veículos, armamento e equipamentos para as polícias Militar e Civil, Itep e Corpo de Bombeiros, além de custeio. Os investimentos já em curso pelo Governo do Estado na construção da sede própria do Itep, no Complexo da Polícia Civil e na unidade de Cavalaria da PM serão assumidos pelo Governo Federal. Isto possibilita a disponibilidade de cerca de R$ 80 milhões para execução de ações.
PODERES
Fátima subiu com Flávio Dino a rampa da Governadoria, ontem, após reunião de balanço no Gabinete de Gestão Integrada, na sede da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesed). Além da cúpula de Segurança e assessores do Ministério da Justiça, a deputada federal Natália Bonavides (PT) também estava na comitiva. A senadora Zenaide Maia (PSD) foi direto para a sala da governadora. Ela abraçou Flávio Dino, tirou fotos e fez filmagens. Chegou também a prometer ajuda via emendas para o Orçamento no Senado.
DNA
A briga política continua nas redes sociais e grupos de WhatsApp. São fake news e lembranças de quando opositores do governo do PT eram gestores de segurança pública… Grupos de imprensa atuam a favor e contra determinadas figuras. Dois erros: envolver o deputado estadual Francisco do PT no caso da sobrinha envolvida com o Sindicato do Crime. Também nada a ver publicizar lista do gabinete do senador Styvenson Valetim (Podemos), na qual consta folha de despesa com pagamento das atividades do parlamentar.
FORÇAS ARMADAS
A governadora Fátima Bezerra chegou a ligar para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que encaminhou ao presidente Lula da Silva, na semana passada, pedido do senador Styvenson Valentim (Podemos) de intervenção das Forças Armadas no RN. Houve explicações de bastidores dos senadores de oposição, fazendo política na crise. Nas últimas horas, houve uma minimização do caso. E como os índices chegaram a cair no RN, então não se faz necessário até agora o enviou das Forças Armadas.