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Pandemia

Fabricante da ivermectina diz que dados não apontam eficácia contra Covid-19

Merck diz em comunicado que não há evidência significativa de efeito do remédio contra o coronavírus e que há ausência preocupante de dados quanto à segurança da substância nesse contexto
Estadão
05/02/2021 | 11:07

A farmacêutica Merck, responsável pelo desenvolvimento do medicamento ivermectina, informou em comunicado nesta quinta-feira, 4, que não há dados que sustentem o uso do remédio contra a Covid-19. A indicação da Ivermectina é defendida pelo presidente Jair Bolsonaro e a substância é recomendada também em um aplicativo desenvolvido pelo Ministério da Saúde com orientações de tratamento contra o novo coronavírus.

Em seu comunicado, a Merck, que deteve a patente da ivermectina até 1996, disse que não há base científica para um potencial efeito terapêutico contra a Covid-19 em estudos pré-clínicos. A empresa acrescentou também que não há evidência significativa de eficácia clínica em pacientes com a doença. A farmacêutica ainda pontuou que há uma preocupante ausência de dados sobre segurança da substância nesse contexto na maior parte dos estudos.

Fabricante da ivermectina diz que dados não apontam eficácia contra covid-19
A recomendação original de uso da ivermectina presente em bula é voltada para tratamento de infecções causadas por parasitas. Caixas de ivermectina. Foto: Divulgação/Prefeitura de Itajaí

“Não acreditamos que os dados disponíveis sustentem a segurança e a eficácia da ivermectina além das doses e dos grupos indicados nas informações de prescrição aprovadas por agências regulatórias”, declarou a Merck, que destacou que seus cientistas continuam a examinar cuidadosamente os achados de todos os estudos disponíveis.

A recomendação original de uso da ivermectina presente em bula é voltada para tratamento de infecções causadas por parasitas. No Brasil, ao longo da pandemia ganhou força a informação sem base científica de que o remédio seria eficaz contra a Covid-19. Em agosto do ano passado, Bolsonaro anunciou que a Anvisa facilitaria o acesso ao remédio para uso contra a covid-19 ao não cobrar mais retenção de receita.

Mas em julho a Anvisa já havia se pronunciado, sustentando que não existiam estudos conclusivos sobre o uso do medicamento nesse contexto. “As indicações aprovadas para a ivermectina são aquelas constantes da bula do medicamento”, reforçou a agência de vigilância sanitária.

Em 20 janeiro deste ano, o Estadão mostrou que o aplicativo TrateCOV, lançado pelo Ministério da Saúde para orientar o enfrentamento da covid-19, recomenda o uso da ivermectina, além de outros medicamentos sem eficácia comprovada como cloroquina. O Ministério da Saúde afirma que o TrateCOV sugere o diagnóstico por meio de sistema de pontos que obedece “rigorosos critérios clínicos”. No dia seguinte, a plataforma foi retirada do ar.

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