Desde 1997 que a área do Morro do Careca permanece isolada e com uma placa que informa que a subida é proibida. Nesses 27 anos, algumas pessoas ainda insistiram em subir no maior cartão postal de Natal, conforme notícias que temos. A erosão do Morro em Ponta Negra preocupa a todos, isso é fato. Uma falésia vem se formando e “disputando” lugar com a duna famosa, o que aumenta a probabilidade de desmoronamentos, por exemplo. Quem foi e viu vídeos e fotos notou o deslizamento de areia, que desce da “careca” do morro até a base, formando uma duna menor ao lado da falésia.
Para o turismo, além do risco de desaparecimento do Morro do Careca, há possibilidade de se perder a variedade de espécies encontradas na vegetação que cobre a duna, nesse caso ambiental. A semana começa com a questão das licenças para iniciar a obra, que vêm se arrastando desde 2022. A praia de Ponta Negra vai se submeter efetivamente a um regime de engorda, que além de protegê-la da sua desestabilização pelo avanço do mar, vai ampliar a área para os banhistas, num projeto que já venceu várias etapas de proteção ambiental.

Sem as licenças do Idema, a draga contratada pela Prefeitura do Natal para executar a obra deixou Natal no domingo 7. O diretor do Idema, Werner Farkatt, havia explicado que foi montada uma força-tarefa para analisar o processo e emitir a licença “o mais breve possível”, mas destacou que é um trabalho robusto. Já o prefeito Álvaro Dias gravou vídeo, publicado nas redes sociais, acusando o Idema de ter atrasado a emissão da licença por questões políticas.
O investimento na obra vai ser de R$ 73 milhões com o objetivo de alargar a faixa de areia da praia entre 50 e 100 metros e diminuir os problemas provocados pelo avanço do mar e do processo erosivo do Morro do Careca. Isso favorece o turismo na capital, que concentra cerca de 80% dos equipamentos hoteleiros. A DTA Engenharia, integrante do consórcio que venceu a licitação, é uma empresa com experiência comprovada nesse tipo obra, já tendo realizado seis serviços semelhantes, inclusive o Balneário Camboriú, em Santa Catarina.
No estudo da UFRN, conduzido pelo professor Rodrigo de Freitas, do Departamento de Geografia, ficou constatado que a altura do Morro do Careca atualmente é de 63,63 metros. Esse número, em 2006, era de 66 metros. Conforme o levantamento, a redução se deve a uma convergência de fatores, entre eles o avanço do mar e a redução da faixa de areia em Ponta Negra, o que faz com que a energia das ondas alcance a base do Morro.
A falta de sedimentos que abastecem a duna, que vêm da força dos ventos da praia que fica por trás do Morro, a praia da Barreira do Inferno, também contribuiu para o desgaste.