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Rodrigo Rafael

Erosão do Morro do Careca será combatida com engorda da praia de Ponta Negra

Confira a coluna de Rodrigo Rafael desta quarta-feira 10
Rodrigo Rafael
10/07/2024 | 09:10

Desde 1997 que a área do Morro do Careca permanece isolada e com uma placa que informa que a subida é proibida. Nesses 27 anos, algumas pessoas ainda insistiram em subir no maior cartão postal de Natal, conforme notícias que temos. A erosão do Morro em Ponta Negra preocupa a todos, isso é fato. Uma falésia vem se formando e “disputando” lugar com a duna famosa, o que aumenta a probabilidade de desmoronamentos, por exemplo. Quem foi e viu vídeos e fotos notou o deslizamento de areia, que desce da “careca” do morro até a base, formando uma duna menor ao lado da falésia.

Para o turismo, além do risco de desaparecimento do Morro do Careca, há possibilidade de se perder a variedade de espécies encontradas na vegetação que cobre a duna, nesse caso ambiental. A semana começa com a questão das licenças para iniciar a obra, que vêm se arrastando desde 2022. A praia de Ponta Negra vai se submeter efetivamente a um regime de engorda, que além de protegê-la da sua desestabilização pelo avanço do mar, vai ampliar a área para os banhistas, num projeto que já venceu várias etapas de proteção ambiental.

Prefeitura de Natal culpa Idema por demora de liberação de licença para engorda
Erosão do Morro do Careca será combatida com engorda da praia de Ponta Negra - Foto: José Aldenir/Agora RN

Sem as licenças do Idema, a draga contratada pela Prefeitura do Natal para executar a obra deixou Natal no domingo 7. O diretor do Idema, Werner Farkatt, havia explicado que foi montada uma força-tarefa para analisar o processo e emitir a licença “o mais breve possível”, mas destacou que é um trabalho robusto. Já o prefeito Álvaro Dias gravou vídeo, publicado nas redes sociais, acusando o Idema de ter atrasado a emissão da licença por questões políticas.

O investimento na obra vai ser de R$ 73 milhões com o objetivo de alargar a faixa de areia da praia entre 50 e 100 metros e diminuir os problemas provocados pelo avanço do mar e do processo erosivo do Morro do Careca. Isso favorece o turismo na capital, que concentra cerca de 80% dos equipamentos hoteleiros. A DTA Engenharia, integrante do consórcio que venceu a licitação, é uma empresa com experiência comprovada nesse tipo obra, já tendo realizado seis serviços semelhantes, inclusive o Balneário Camboriú, em Santa Catarina.

No estudo da UFRN, conduzido pelo professor Rodrigo de Freitas, do Departamento de Geografia, ficou constatado que a altura do Morro do Careca atualmente é de 63,63 metros. Esse número, em 2006, era de 66 metros. Conforme o levantamento, a redução se deve a uma convergência de fatores, entre eles o avanço do mar e a redução da faixa de areia em Ponta Negra, o que faz com que a energia das ondas alcance a base do Morro.

A falta de sedimentos que abastecem a duna, que vêm da força dos ventos da praia que fica por trás do Morro, a praia da Barreira do Inferno, também contribuiu para o desgaste.