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Coluna

Ney Lopes – Juros: uma queda de braço

Leia a coluna de Ney Lopes da edição desta terça-feira 28, do Agora RN
Ney Lopes
28/03/2023 | 08:41

O país assiste verdadeira “queda de braço” entre o governo federal e o Banco Central. A discordância é sobre a manutenção da exorbitante taxa de juros real (13,75% ano), a mais alta do mundo. Na verdade, após a crise das economias avançadas em 2008 e o pós-pandemia, as políticas fiscal e monetária não podem mais ser tidas como independentes. Para sair da estagnação, é necessário considerar o Estado parte do projeto. Não há como suprimi-lo. Não existe capitalismo sem Estado eficiente.

Revisão. Nos últimos 40 anos as teses econômicas centrais passam por uma completa revisão. O motivo foi o crescimento lento na era neoliberal e a concentração dos benefícios nas elites econômicas. Cresceu a desigualdade, impondo alternativas às políticas monetárias. Juros altos afastam investimento e reduzem produtividade.

Ney Lopes - Juros: uma queda de braço - Agora RN
Sede do Banco Central, em Brasília (DF). Foto: Dida Sampaio/ Estadão

USA. O Banco Central não pode atuar à distância dos compromissos com a sociedade. Na pátria do capitalismo – Estados Unidos – Paul Vocker, ex-presidente do BC americano, dizia que o congresso americano criou a autonomia do Banco Central, da mesma forma que poderia fechá-lo, se faltar a colaboração com o governo eleito.

Juros. O professor James Gailbraith, um dos economistas globais mais influentes, analisou que o Brasil é um dos lugares mais seguros do mundo para o investimento. Tem uma estrutura financeira sólida, que protegeu bem o país na crise de 2008. Mas a política atual de juros altos precisa ser abandonada, pois é insustentável.

Diálogo. Além da definição da ancora fiscal, essa questão dos juros terá que ser resolvida. Espera-se, que o diálogo seja o instrumento usado.

Olho aberto

Pai. Neste 28 de março, seria o aniversário do meu pai, Josias de Oliveira Souza, já falecido em 1972. Jamais esqueço todo bem que ele me fez, toda paz que me proporcionou e os ensinamentos de humildade e caráter, que me deu dia após dia. Descanse em paz.

Macron. Mesmo sendo um líder da direita, Emmanuel Macron denunciou “algumas grandes empresas” qualificando-as de “cinismo”, ao pedirem “dinheiro público” para que “os trabalhadores possam beneficiar-se da previdencia social”. Essas empresas geraram grandes lucros milionários e recompram as suas próprias ações no mercado.

Ramadã. Praticado pela comunidade muçulmana, começou o Ramadã, o nome dado ao nono mês do calendário islâmico. Em 2023 irá de 22 de março até a noite de 21 de abril. Quase 2 bilhões de islâmicos fazem jejum, desde o nascer até o pôr do sol.

Pilhagem. O economista Utsa Patnaik calculou que a Coroa Britânica extraiu da Índia, durante a colonização, 45 trilhões de dólares (nos valores de hoje) de 1765 a 1938. Em outras palavras, a pilhagem foi equivalente ao valor de duas décadas do atual Produto Interno Bruto (PIB) da Índia, de 2,5 trilhões de dólares.

Direitos trabalhistas. O Tribunal Superior do Trabalho decidiu que as horas extras feitas pelo trabalhador também devem entrar no cálculo de benefícios, como férias, 13º salário, aviso prévio e FGTS. A regra começou a valer no dia 20 de março deste mês

Cadeira presidencial. Nas duas vezes em que assumiu a Presidência da República devido viagens de Lula, o vice Alckmin despachou na copa anexa à sala presidencial, onde são servidos almoços. Lula o convenceu a usar a sua sala. Mas, ele se recusou sentar na cadeira presidencial. Disse: “na sala eu posso ficar, mas a cadeira é do presidente, nela eu não sento”.

O socialista milionário I. Faleceu em Lisboa o comendador Rui Nabeiro, 91, conhecido com um socialista milionário, que era o melhor amigo dos trabalhadores. Logo no início da pandemia tomou decisões: não iria pedir quaisquer ajudas ao Estado, nem demitiria ninguém. Pagou do próprio bolso.

O socialista milionário II. O comendador nasceu numa família pobre. Trabalha desde menino e logo assumiu a direção da torrefação do seu pai, que transformou numa das maiores e poderosas empresas nacionais.

O socialista milionário III. Ele se dizia socialista, mas não seguia o Partido comunista português. O legado do comendador é da empresa Delta, que tem mais de três mil trabalhadores. O grupo alargou-se a diversos negócios, dos vinhos ao imobiliário e hotelaria.