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Coluna

Ney Lopes: Repórter que sempre fui: estado rico de gente pobre (final)

Confira a coluna de Ney Lopes nesta sexta 01
Ney Lopes
01/03/2024 | 08:20

Ao deixar o mandato de deputado federal em 2007, além da militância na advocacia, atuei no jornalismo como meio de defesa do RN, o que faço até hoje. Sempre foi a minha obsessão. Escrevi alguns editoriais para o Diário de Natal a pedido do jornalista Luiz Maria Alves. Um deles teve o título “Agenda RN do futuro” (13.12.07).

Na época, o senador Garibaldi Alves acabara de eleger-se presidente do Senado, para um mandato tampão. O senador José Agripino Maia liderava a bancada de oposição, com a imagem nacional. O deputado Henrique Alves comandava a maior bancada parlamentar da Câmara Federal – o PMDB. A governadora Vilma de Faria se mostrava lúcida e aberta ao diálogo democrático. O Estado, portanto, vivia um bom momento de representatividade e influência nacional, com a voz ouvida no plano federal.

Ex-deputado federal, advogado e jornalista Ney Lopes. Foto: José Aldenir/ AGORA RN
Ex-deputado federal, advogado e jornalista Ney Lopes. Foto: José Aldenir/ AGORA RN

O texto do editorial, que foi até transcrito na Assembleia Legislativa, alertava para a chegada da hora de os nossos representantes identificarem o porto do nosso destino e transformarem em benefícios coletivos as riquezas naturais que Deus nos deu. Relembrei a luta que iniciei como deputado federal, durante mais de 10 anos, mostrando que não adiantaria apenas a construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. Teria que existir justificativa econômica.

Em 1530, o rei de Portugal, sabedor de que o ponto geográfico mais avançado da costa brasileira era o Rio Grande do Norte, pela sua proximidade com a África e Europa, criou em nosso território uma capitania hereditária e doou-a a João de Barros. Se o rei já enxergava os benefícios da posição geográfica estratégica do nosso Estado, como será possível desconhecê-la, quando as relações econômicas mundiais estão globalizadas?

Na II Guerra Mundial, o RN, pelas mesmas razões históricas e geográficas, transformou-se em um dos principais pontos de apoio dos “aliados” – no chamado “Trampolim da Vitória” -, que preveniu possíveis invasões vindas da Europa ou da África, em direção aos Estados Unidos e ao canal do Panamá.
Chegava a hora não apenas da construção do aeroporto de São Gonçalo do Amarante. O importante seria a viabilização econômica, financeira e social desse aeroporto e a criação simultânea de um polo exportador e turístico, com a instalação de uma “área de livre comércio”. A exemplo do sucesso no resto do mundo, significariam milhares de empregos e novas oportunidades.

A proposta foi para a classe política enlaçar as mãos, superar divergências e partirem todos juntos para a elaboração da “Agenda RN do futuro”, incluindo-se nela os caminhos de um amanhã de paz, justiça social e de progresso para nossa sofrida gente.

Afinal, a melhor maneira de prever o futuro seria criá-lo o quanto antes. Como sempre, nada foi feito. E o RN continua, como disse Cortez Pereira, um estado rico de gente pobre!

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