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Opinião

Repórter que sempre fui: o advogado de defesa que sempre serei (IX); leia opinião de Ney Lopes

Confira a coluna de Ney Lopes desta quarta 28
Ney Lopes
28/02/2024 | 07:52

Existem fatos na minha vida de jornalista, político, advogado, professor, que justificam sempre considerar-me um “advogado de defesa”. Por ter sentido a maldade na pele, onde haja sinal de injustiça ou preconceito, estou ao lado para defender a vítima e protestar, acima de ideologias.

Elegi-me deputado federal pelo RN, em 1974. No quadro político estadual, pertenciam a minha geração e eram candidatos filhos de líderes políticos tradicionais, ou “eleitos previamente” pelas cúpulas: Henrique Alves, filho de Aluízio Alves; o primo Garibaldi; Iberê Ferreira de Souza, sobrinho de Gentil Ferreira de Souza, engenheiro civil, três vezes prefeito de Natal; Wanderley Mariz, filho de Dinarte Mariz.

Repórter que sempre fui: gratidão a D. Eugênio (III); leia coluna de Ney Lopes - Foto: Freepik
Imagem ilustrativa - Foto: Reprodução

Indicado pela Revolução para governar o RN, o ex-deputado Tarcísio Maia introduziu na política estadual os nomes do seu filho José Agripino Maia (prefeito de Natal), dos primos Lavoisier Maia e esposa Wilma Maia, Carlos Augusto Rosado e esposa Rosalba Ciarlini.

Imagine o leitor as dificuldades que enfrentei, após ter sido eleito deputado. Preservei conduta ética, porém era considerado “intruso no clube fechado da política potiguar”. A palavra de ordem passou a ser minha eliminação pelo AI 5 a qualquer custo, existindo ou não razões. A estratégia foi caracterizar-me como quem chegara indevidamente à Câmara Federal. Não houve motivo legal para medida judicial.

Porém, perseguiram, sem direito de defesa, até a cassação do mandato pela via revolucionária. Como não tinha tradição política pessoal, consideravam que ocupava o lugar de outros.

Certamente, existirá a dúvida de como consegui eleger-me deputado federal.

Ocupei no governo Cortez Pereira, um dos mais honestos governantes do RN, a Casa Civil, Secretaria de Justiça e sete meses a diretoria administrativa da Cosern (e não a presidência). Relacionei-me com prefeitos e vereadores. Nas duas secretarias, não dispunha de orçamentos, salvo manutenção dos serviços administrativos.

Nos sete meses de diretor da Cosern, cujas decisões eram colegiadas e do presidente, dediquei-me a implantar o restante do anel elétrico do RN, em convenio com o BNDES. Isso me permitiu realmente obter alguns votos, sem nenhuma barganha, pressão ou chantagem. Os prefeitos, por gratidão, teriam votado em mim pela chegada da energia. Regra geral, pequenas comunidades.

Cito, por oportuno, a então deputada Fátima Bezerra, que teve votos para governadora, por ter influído na instalação de centros educacionais no estado e nem por isso foi chamada de corrupção eleitoral. Como criador do crédito educativo, o mesmo aconteceu comigo posteriormente.

Vale dizer, que na “via crucis” de acusações irresponsáveis que enfrentei, o PT não ficou a margem. Juntou-se a Arena-PDS, partidos revolucionários, e disseminou infâmias e inverdades. Recorri a justiça, diante da campanha difamatória petista na mídia local, e o difamante chegou a ser preso. Dizia-se que o temor do PT era que fosse candidato a governador. Essa hipótese realmente existiu como desejo pessoal, porém nunca tive apoio do meu partido.