Abundante
Considerado um assunto chato e difícil por boa parte dos falantes da língua portuguesa, o verbo não tem a simpatia de muita gente. Consequentemente, as palavras que fazem parte do assunto também não são vistas como atraentes. “Abundante” é o termo usado para o verbo que admite mais de uma forma, em geral, no particípio. Assim, verbos como acender e aceitar são considerados abundantes, uma vez que aceitam construções como “O professor havia acendido a luz da curiosidade em seus alunos”; “A luz da esperança será acesa com a chegada da vacina”. O que é importante observar, para não errar, é a forma verbal auxiliar do verbo abundante. Quando o auxiliar é o verbo ter ou o verbo haver, deve-se usar o particípio regular, conforme a primeira frase. No entanto, se o verbo acompanhante for ser ou estar, usa-se o particípio irregular, conforme o segundo exemplo.
Quanto custa?
O verbo “custar” é campeão de inadequações na língua falada. Tudo isso porque segue uma regra que, realmente, não é fácil de entender. No cotidiano, ouvimos e falamos frases como “Eu custo a acordar”, “Ela custa a entender”, “A empresária custou a demitir o funcionário”. Aí mora o problema. Quando significa ser custoso, ser demorado, o verbo “custar” não deve ter como sujeito pessoa ou pronome reto. Corrigidas, as frases ficariam assim: “Custa-me acordar”, “Custou-lhe entender”, “Custou à empresária demitir o funcioná rio”. Nesses casos, o sujeito do verbo custar é uma oração. Porém, se o verbo ‘custar” significar ser adquirido pelo preço de, admitirá como sujeito pessoa, animal ou coisa: “O jogador custou dez milhões de reais”, “Um carro novo custa cinquenta mil reais”.
Deputado
A disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados esquenta o jogo político neste início de ano. Mas vale lembrar algo aos navegantes: “deputado” é palavra que se usa com a preposição “por”: deputado por São Paulo, deputado pela Bahia, deputado pelo Rio Grande do Norte. A palavra senador segue a mesma regra. Porém (sempre um porém), se o deputado for estadual, admite a preposição “de”: deputado estadual de São Paulo, deputado estadual do Rio Grande do Norte.
A domicílio?
Nesta quarentena, quem não pediu comida em domicílio? A palavra “domicílio” deriva de “domus” (casa em Latim). Muitas pessoas confundem o uso da preposição que antecede essa palavra. Por isso, encontramos “em domicílio” e “a domicílio”. Mas as duas podem estar corretas. Vamos entender. Se digo “Aquele restaurante faz entregas em domicílio”, estou certo porque quem faz entregas o faz “em” algum lugar e não “a” algum lugar. Assim como em “O professor dá aulas em domicílio”, pois quem dá aulas o faz “em” algum lugar. Se, no entanto, o verbo da frase indicar movimento, devemos emprega r a preposição “a”: “O professor vai a domicílio”, “A comida chega a domicílio”; afinal, quem vai vai “a” algum lugar, quem chega chega “a”.