11/01/2021 | 07:35
OBSERVANDO AS APARAÊNCIAS, COMPROVANDO AS EVIDÊNCIAS
As semelhanças de grafia e pronúncia de palavras de sentidos diferentes e até mesmo opostos perturba o dia a dia de quem escreve e fala. Muitas vezes, ratifica-se aquilo que deveria ser retificado. Quantos concertos se realizam em lugar de consertos! Isso sem contar os desencontros de quem vai a seções, quando deveria ir a sessões. Muita gente vai de encontro à língua, em vez de ir ao encontro dela. E, ainda, há casos em que o som é igual, mas a grafia é diferente.
Na expectativa
Aquele que assiste a algo (o espectador) é diferente daquele que espera (o expectador). O espectador vê o jogo; o expectador diz que a esperança venceu o medo.
Desmistificando
Outro dia, alguém pouco atento à análise linguística soltou: “O autor desmistificou o herói.” Como o herói deixou de ser um mito, ele foi “desmitificado”, e não “desmistificado”, pois desmistificar significa desfazer o engano.
Despercebida
Outra expressão que passa “despercebida” (não notada), e não “desapercebida” (desprevenida), pela fala e escrita e ninguém a interrompe é “a grosso modo”, que não existe.
A expressão italiana que, por isso, deve ser utilizada entre aspas é “grosso modo”.
Demais
Talvez, as expressões que mais causem dificuldades neste assunto sejam “demais” e “de mais”.
É comum as pessoas, mesmo as cultas, confundirem essas duas formas, cuja diferença é sutil. Quando se opõe a “de menos”, a grafia correta é “de mais”, como neste exemplo:
“É uma questão de mais ou de menos valia”. Em todos os “demais” casos, a grafia correta é “demais”.
Enfarte
Não podemos esquecer a confusão que se fazia com “infarto”/“enfarto” (que não existia) e “enfarte” / “infarte” (que também não estava registrada).
O dicionário eletrônico Houaiss já contempla todas as formas. Mas, atenção: independente da forma utilizada, o melhor mesmo é que ele não aconteça.