As vendas do comércio varejista ampliado no Rio Grande do Norte tiveram crescimento de 6,8% nos primeiros cinco meses de 2024 no comparativo com o mesmo período do ano anterior. Os dados são da Pesquisa Mensal do Comércio divulgada pelo IBGE. A média nacional é de 4,8%.
Para o superintendente do Conselho Regional de Economia (Corecon/RN), Ricardo Valério, os resultados acima da média nacional são frutos do aumento do emprego, da renda média dos trabalhadores, da redução da taxa Selic e juros, de mais crédito disponível, da desaceleração da inflação, além da queda da inadimplência via Desenrola Brasil.
“Isto está demonstrado, inclusive, no crescimento forte dos supermercados, de mais de 10%, das farmácias e perfumarias de 13,6% e até de bens duráveis como o setor de veículos, que para mim é a grande surpresa apresentada na pesquisa do varejo pelo IBGE, provando que, de fato, estamos num ciclo virtuoso com mais recursos disponíveis nos bolsos da população e aumentos sustentáveis no mercado varejista, além de cada vez mais a nossa Fecomércio vem profissionalizando os lojistas, que respondem com mais empregos, como o ocorrido, agora, em maio/2024, com recuperação de mais 400 postos de trabalho e, no ano, crescimento acumulado de 1.253 novos empregos.”
Ex-coordenador da Unidade Estadual do IBGE no Rio Grande do Norte e atual diretor de Planejamento do Banco do Nordeste, o economista Aldemir Freire também atribui o crescimento do varejo potiguar ao mercado de trabalho e ao crédito. “A equação é esta: emprego + renda + crédito – inadimplência = mais vendas no comércio”, disse ele, citando dados da pesquisa do IBGE e do Banco Central. “Entre maio de 2023 e maio de 2024, a carteira de crédito para pessoa física no Rio Grande do Norte cresceu 9,11%. Nesse mesmo período, a taxa de inadimplência caiu de 5,84% para 4,65% com reflexos nas vendas do comércio.”
Para Aldemir, atribuir o bom desempenho do volume de vendas do comércio à redução da alíquota modal do ICMS de 20% para 18% não se sustenta. A opinião é compartilhada pelo diretor técnico do Dieese, Ediran Teixeira, que coordena pesquisas sobre comportamento de preços e mercado de trabalho no RN. “Volume de venda tem a ver com renda, com emprego, com aquecimento da economia, e não com ICMS. Um dos sinalizadores da redução do ICMS na economia era a queda da inflação, mas isso não aconteceu.”
De acordo com a pesquisa do IBGE, também registraram aumento expressivo no comércio varejista ampliado, o estado do Maranhão, cujas vendas cresceram 15,6% no acumulado de 2024; Ceará, 8,8%; Paraíba 8,7% e Pernambuco, 8,4%. Todos eles elevaram as alíquotas do ICMS para evitar perdas na reforma tributária.
EMPREGO E CIDADANIA. Nos primeiros cinco meses de 2024, foram abertos no Rio Grande do Norte 8.416 novos postos de trabalho formal. No ano passado, conforme dados dos Caged, o saldo positivo de empregos formais, àqueles com carteira assinada, foi de 22,4 mil.
A melhoria do cenário não se reflete apenas na economia, mas no social também. O Rio Grande do Norte foi o Estado que mais reduziu a extrema pobreza no pós-pandemia, segundo levantamento elaborado pelo Centro de Estudos de Desenvolvimento do Nordeste, vinculado à Fundação Getúlio Vargas.
Em 2023, a taxa caiu para 6,3% da população, a menor entre os nove estados da região. Em números absolutos, 301.555 pessoas saíram da condição mais grave de pobreza, o que representa uma redução de 56,9% no comparativo com 2021.
No ano passado, o Governo federal transferiu R$ 3,4 bilhões a famílias em situação de vulnerabilidade social do Rio Grande do Norte, através do Bolsa Família.