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Polêmica

Álvaro apresenta documentos e mantém acusação contra Rogério sobre verbas do MDR

Prefeito de Natal falou que, por ação de senador, envio de recursos do Governo Federal para capital potiguar foi retardado
Redação
09/08/2023 | 08:17

O rompimento entre o prefeito Álvaro Dias (Republicanos) e o senador Rogério Marinho (PL) ganhou mais um capítulo nesta terça-feira 8. Após o parlamentar negar, no dia anterior, que mandou cancelar o envio de R$ 40 milhões do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR) para a capital potiguar, o chefe do Executivo manteve a acusação contra o senador e apresentou documentos que, segundo ele, comprovam que a cidade tinha projetos prontos para receber os recursos do órgão, mas que inexplicavelmente o dinheiro não chegou.

De acordo com Álvaro Dias, em dezembro do ano passado a Prefeitura do Natal deu entrada em alguns convênios que somavam aproximadamente R$ 40 milhões para a cidade. Rogério Marinho, que era ministro do MDR no governo Bolsonaro, indicou Daniel de Oliveira Duarte Ferreira para lhe suceder no ministério. Atualmente, Daniel é o chefe de gabinete do senador.

Prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), manteve acusação contra senador bolsonarista Rogério Marinho (PL). Foto: José Aldenir/Agora RN
Prefeito de Natal, Álvaro Dias (Republicanos), manteve acusação contra senador bolsonarista Rogério Marinho (PL). Foto: José Aldenir/Agora RN

“Inexplicavelmente para nós esses convênios, que nós esperávamos que íamos com esses recursos recuperar nossa orla urbana, pelo menos da Praia dos Artistas até à Praia do Forte e também investir no recapeamento de várias ruas e avenidas da cidade de Natal que nós não pudemos fazer na época por causa do cancelamento desses convênios”, detalhou o prefeito nesta terça-feira 8 em entrevista à 97 FM.

“Esses recursos deixaram de chegar para a prefeitura e só agora nós estamos, depois de todo esse tempo, iniciando essas obras, porque foram cancelados e nós acreditamos, claro, que por uma determinação do ex-ministro Rogério Marinho, atual senador. E para nós foi uma surpresa”, completou Álvaro.

O prefeito da capital também afirmou que Rogério foi “precipitado” e “grosseiro” ao falar sobre o rompimento entre eles. O parlamentar disse que o prefeito “faltou com a verdade” quando o acusou de ter mandado cancelar os recursos federais para a cidade.

“Não houve nenhuma falta de verdade, eu trouxe aqui os documentos, os convênios foram encaminhados, apenas não tiveram o encaminhamento que deveriam ter tido pelo sucessor dele, indicado por ele, que é do gabinete dele hoje no Senado da República, Daniel Ferreira. Então, se os convênios não foram pagos, para um bom entendedor, meia palavra basta, porque o ex-ministro Rogério Marinho determinou ou não autorizou que eles chegassem à sua finalização”, destacou.

Álvaro Dias apresentou as cópias dos convênios que foram firmados junto ao MDR e garantiu que os documentos comprovam que houve uma tramitação administrativa para o recebimento dos valores. Os projetos, inclusive, chegaram a ser aprovados pelo órgão ministerial.

“O relatório técnico foi totalmente favorável lá por parte do ministério e aí, inexplicavelmente, esses convênios deixaram de ser creditados, encaminhados como deveriam pelo ministério e a cidade de Natal teve aí um prejuízo enorme”, ratificou Álvaro Dias.

O AGORA RN teve acesso aos documentos apresentados pelo prefeito durante a entrevista. Os arquivos mostram que os recursos que deixaram de vir para Natal seriam usados para obras de pavimentação e drenagem – sendo um convênio de R$ 10 milhões e outro de R$ 20 milhões – além de obras de qualificação viária no valor de R$ 8,3 milhões. Os três arquivos são acompanhados de e-mails do MDR informando ao município que as propostas foram aprovadas e os planos de trabalho se encontram em fase de análise.

Ingratidão, aponta Álvaro sobre Rogério Marinho

Rogério Marinho. Foto: José Aldenir
Rogério Marinho. Foto: José Aldenir

O prefeito de Natal falou ainda sobre seu empenho na campanha do atual senador Rogério Marinho em 2022. Ele afirmou que quando teve acesso às primeiras pesquisas que saíram naquele ano, percebeu que o então candidato perderia para Carlos Eduardo Alves (PSD) por uma “diferença homérica” na capital.

A partir disso, Álvaro disse ter tomado para si a campanha do então aliado, chegando a reunir amigos, secretários e lideranças comunitárias para pedir voto a Rogério.

“Eu acho que foi até um risco grande que eu corri, porque a partir do momento em que se iniciou a campanha eu disse que o candidato a senador não é Rogério Marinho, o candidato a senador é o prefeito Álvaro Dias”, disse o prefeito.

“Soube que ele disse que eu era ingrato. Não sei quem é o ingrato. Trabalhei, me empenhei e sei que tudo que eu podia fazer eu fiz para dar minha contribuição para a vitória de Rogério. Mais do que fiz, não poderia ter feito. Não sei que ingratidão é essa minha em relação a ele. Agora, ele está lá no Senado com oito anos pela frente e está me chamando de ingrato, para minha surpresa e minha decepção porque não esperava isso da parte dele, já que todo o Estado e o povo de Natal é testemunha do meu empenho”, acrescentou.

Álvaro analisou ainda que seu empenho na campanha de Rogério correspondeu com as expectativas do grupo político e ajudou a dar vitória ao ex-ministro de Bolsonaro. O prefeito lembrou ainda que na eleição anterior Rogério havia sido candidato a deputado federal e obteve apenas 10 mil votos em Natal.

“Quando as urnas se abriram, todo o RN ficou surpreso com uma eleição em que houve praticamente um empate rigoroso entre a votação de Rogério Marinho e de Carlos Eduardo aqui na cidade de Natal. E isso, claro, com toda a certeza, se deveu a essa atitude, essa forma de condução da campanha que nós tivemos assumindo a candidatura de Rogério Marinho e indo para as ruas dessa forma”, assevera.

Álvaro diz que apoio a Carlos Eduardo é “difícil”, mas não pode ser descartado

O prefeito de Natal também durante a entrevista sobre a sucessão municipal. Ao ser questionado sobre uma possível união entre ele e o ex-prefeito Carlos Eduardo Alves (PSD), que hoje é pré-candidato à disputa pelo Palácio Felipe Camarão, Álvaro avaliou como uma composição “difícil” de acontecer.

“Nada pode ser descartado em política, eu não vou descartar, dizer que é impossível; é difícil de acontecer, mas eu não vou descartar. Inclusive há a possibilidade agora levantada do nosso apoio a Rafael Motta. É uma possibilidade sim”, disse o prefeito.

Álvaro também citou como um “nome provável” para receber seu apoio a secretária de Planejamento de Natal, Joana Guerra, que ele classificou como uma “secretária competente que muito nos tem auxiliado na nossa gestão”.
Além de Joana, o chefe do Executivo chegou a citar o trabalho do secretário de Meio Ambiente e Urbanismo de Natal, Thiago Mesquita, sem citá-lo como possível candidato. Foram citados ainda por ele os secretários Irapoã Nóbrega (Semsur) e Carlson Gomes (Seinfra).

“Nós vamos ter o nosso candidato, agora vamos ter o nosso candidato no momento oportuno”, declarou, acrescentando que está focando suas ações nas obras que estão em andamento na capital. Segundo ele, adiantar a discussão eleitoral seria um “desserviço” para sua própria gestão.

O prefeito prevê que a discussão sobre sucessão municipal só será travada por ele em meados de maio do próximo ano.

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