À medida que o tempo passa em Natal, aumenta-se a expectativa quanto a quem será o candidato apoiado pelo prefeito Álvaro Dias (Republicanos) nas eleições de 2024. A habilidade política do atual mandatário, já experimentado na vida pública, faz com ele permita que vários “balões de ensaio” sejam lançados enquanto observa o cenário e mantém sigilo sobre o candidato que caminhará ao lado dele no próximo pleito.
A estratégia é típica que quem já tem vasta experiência na política. Enquanto nomes próximos a Álvaro são lançados nos bastidores, ele aproveita para sondar a opinião pública e testar a força eleitoral de seus auxiliares.
Por outro lado, outros personagens não tão próximos ao prefeito também são lançados e associados, de algum modo, ao nome dele, de forma que ele mantém no radar tanto atuais aliados quanto possíveis futuros adversários.
Atualmente no cargo de prefeito de Natal, a história política do médico e presidente do Republicanos no RN é marcada por anos de experiência e participação ativa na vida pública.
Álvaro Dias chegou à chefia do Executivo natalense em 2018, após o então prefeito Carlos Eduardo Alves, hoje no PSD, renunciar ao cargo para disputar o Governo do Estado.
Como Dias era o vice-prefeito, assumiu automaticamente após a saída de Carlos, que foi duelar contra Fátima Bezerra (PT) naquele ano e perdeu a disputa.
Antes de chegar ao cargo máximo do Executivo em Natal, porém, o caicoense Álvaro trilhou uma carreira que por si só comprova sua habilidade em dialogar e costurar acordos políticos.
Com a perspicácia de um enxadrista, o gestor costuma movimentar suas peças no xadrez político sempre pensando nos movimentos de seus adversários e nas possíveis mudanças de cenários que podem vir a ocorrer.
Foi agindo dessa forma que o caicoense iniciou sua carreira pública, passando inicialmente pelo cargo de vice-prefeito de Caicó, em 1988. Também foi deputado estadual por cinco mandatos, sendo os três primeiros exercidos entre 1991 e 2003. Álvaro chegou a ser presidente da Assembleia no período de 1997 a 2003.
O hoje prefeito da capital foi eleito para a Câmara dos Deputados nas eleições de 2002, permanecendo no cargo por apenas um mandato e retornando em 2006 para a Assembleia Legislativa para mais um ciclo.
Sua principal derrota política foi quando se candidatou a vice-governador do RN na chapa encabeçada por Carlos Eduardo, que acabou perdendo para Rosalba Ciarlini em 2010. Após isso, contabilizou mais um triunfo ao ser eleito para seu quinto mandato na Assembleia Legislativa, em 2014.
Ao ascender à prefeitura do Natal, em 2018, imprimiu um ritmo acelerado de obras, o que acabou passando aos natalenses uma imagem de administrador que era capaz de ser muito mais do que apenas uma sombra de Carlos Eduardo.
As ações realizadas durante a pandemia da Covid-19, como a instalação do Hospital de Campanha, por exemplo, projetaram ainda mais a figura do prefeito, que acabou vencendo em primeiro turno no pleito de 2020.
Apesar da proximidade do fim de seu segundo mandato, o prefeito ainda evita falar em sucessão. Ele alega que lançar um pré-candidato agora serviria apenas para atrapalhar sua gestão, que está focada na execução de obras importantes para a cidade, como a engorda de Ponta Negra, as obras viárias da Felizardo Moura, o Mercado Público da Redinha, o Hospital Municipal, entre outras.
Álvaro quer que a política fique apenas nos bastidores, a fim de que o foco seja mantido na administração e ele consiga inaugurar o máximo possível de obras até o final de seu mandato, em 2024. Ele sabe que deixar a Prefeitura de Natal com uma imagem de bom gestor é fundamental para suas pretensões políticas em 2026, quando ele pretende disputar o Senado ou mesmo o Governo do Estado.
A propósito, pensando em 2026, Álvaro sabe que não pode errar em 2024. Ele precisa escolher um nome que seja viável eleitoralmente para vencer a disputa pela prefeitura e, assim, garantir-lhe o apoio necessário para o pleito eleitoral que se dará daqui a três anos.
Nesse jogo de poder, o prefeito de Natal já movimentou algumas peças nos bastidores, permitindo que sejam lançados “balões de ensaio”, a fim de observar como está o sentimento do natalense em relação às próximas eleições.
Prefeito de Natal cogita pelo menos quatro nomes para a sucessão
Um dos nomes mais cotados nesse sentido é do deputado federal Paulinho Freire (União Brasil). Pré-candidato declarado, ele tenta se viabilizar, mas enfrenta dificuldade de crescer nas pesquisas.
Ex-vereador e ex-presidente da Câmara de Natal, Paulinho conta com o apoio de cerca de 20 dos 29 parlamentares da Casa legislativa. Os vereadores que defendem o nome de Freire afirmam que a Câmara quer ser protagonista na disputa do próximo ano.
Álvaro, por sua vez, sem querer se dobrar à Câmara, deixou o assunto esfriar e tirou Paulinho do radar à medida que observava de longe o desempenho do deputado e lançava outros testes mais próximos.
Entre seus auxiliares, dois secretários já foram lançados como pré-candidatos: Irapoã Nóbrega, da pasta de Serviços Urbanos (Semsur) e Carlson Gomes, da Secretaria de Infraestrutura (Seinfra). Dos dois, o que mais demonstrou força até agora foi Nóbrega, mas ainda distante de se tornar um forte concorrente.
De acordo com a pesquisa EXATUS mais recente, encomendada pelo AGORA RN e divulgada no mês passado, Irapoã pontuou 3,13% na estimulada, enquanto Gomes foi lembrado por 0,39% dos entrevistados. Ambos, porém, afirmam que o prefeito Álvaro Dias não tem conversado sobre política e que esse é um assunto para ser tratado em 2024.
Nesse ínterim, Álvaro também flertou com o ex-deputado federal Rafael Motta (PSB) ao afirmar que o pessebista é um bom nome para a disputa. Durante as festividades do São João de Natal, inclusive, eles posaram juntos para fotos, alimentando a ideia de que Motta seria o escolhido.
Caso não consiga lançar um nome de dentro de sua equipe, o prefeito de Natal também não descarta apoiar o ex-prefeito Carlos Eduardo, que atualmente lidera todas as pesquisas de intenção de voto para o cargo e segue crescendo.
Na pesquisa divulgada no mês passado pelo EXATUS/AGORA RN, Carlos saiu de 29% para 32% da preferência do eleitorado, sendo líder isolado. Quem está mais próximo de Carlos nessa corrida é a deputada federal Natália Bonavides (PT), que cresceu de 12% para 18% com relação ao levantamento anterior.
