A eletrizante “Cangaço Novo” toca o terror no Nordeste. Alice Carvalho, atriz, roteirista e diretora potiguar protagoniza a nova série original do Prime Vídeo que teve sua estreia em 240 países nesta sexta-feira 18. Além de Alice, que interpreta Dinorah, outros atores do Rio Grande do Norte integram o elenco. A direção é de Fábio Mendonça e Aly Muritiba, e a produção conta com oito episódios de uma hora cada.
Ambientada no sertão nordestino, foi filmada nas cidades de Parelhas e Carnaúba dos Dantas no Rio Grande do Norte e em Cabaceiras, Paraíba. Os potiguares Ênio Cavalcante, Robson Medeiros, Pedro Emídio, por exemplo, também estão no elenco da produção. A criação da série ficou a cargo de Mariana Bardan e Eduardo Melo.
Em cenas de pura ação, a família Vaqueiro mostra que “O destino é à prova de bala”. A trama é baseada na jornada de três irmãos que se misturam aos problemas estruturais do Brasil, como o crime organizado, corrupção e política. Ubaldo (Allan Souza Lima), sem nenhuma lembrança de sua infância, descobre que tem uma herança e duas irmãs no sertão cearense: Dilvânia (Thainá Duarte) lidera um grupo que adora seu famoso pai falecido; e Dinorah (Alice Carvalho), que é a única mulher em uma gangue de ladrões de banco.
A potiguar Alice Carvalho se destacou em peças de teatro, webséries e já fez parte do elenco de produções como “Segunda Chamada” e “Manu”, e está na etapa de gravação de “Guerreiros do Sol”. Para Alice, “Cangaço Novo” a transformou enquanto atriz e pessoa: “Eu com certeza não sou a mesma Alice depois de Dinorah”.
Confira a entrevista com a atriz Alice Carvalho:
Agora RN – Dinorah é sua primeira protagonista em séries de streaming. Como foi para você interpretar este papel de destaque?
Alice Carvalho – “Dinorah” é uma personagem de grande profundidade, que exige um equilíbrio físico e mental intenso e cuidadoso. É uma mulher potente, que deixa de lado toda e qualquer vaidade. Durante os meses de preparação e filmagem, participei de aulas de equitação, levantamento de peso olímpico, tiro, muay thai, jiu-jitsu e treinamento de direção de precisão para motocicletas e carros. Fiquei longe de casa por 8 meses e me entreguei por inteira nesse projeto que me transformou enquanto atriz e pessoa. Eu com certeza não sou a mesma Alice depois de Dinorah.
Agora RN – O que Dinorah tem de Alice, e o que Alice tem de Dinorah?
Alice Carvalho – Dinorah é uma mulher que sobreviveu a vida dura a troco de muita luta e de um ideal de coletividade, passou por situações difíceis na infância e foi criada por uma família que – mesmo não sendo perfeita – sempre a compreendeu e lhe deu amor à sua maneira. Teve que se esforçar três vezes mais só por ser mulher, por ser sertaneja. Temos uma história familiar parecida e a verve de lutar por um futuro melhor mesmo em condições tão adversas. Não sei se estou à altura dessa personagem em coragem e força, mas tenho muito orgulho de ter sido seu cavalo.
Agora RN – Qual é o diferencial do enredo?
Alice Carvalho – Esse “Cangaço Novo” exigiu um novo olhar e um estudo aprofundado dos trabalhos de Frederico Pernambucano de Mello, que foram essenciais para compreender tanto o contexto histórico quanto às estratégias envolvidas nesse fenômeno. É fundamental reconhecer que, apesar de ser contemporâneo, o “Cangaço Novo” mantém alguns escudos semelhantes ao cangaço antigo e ainda carrega um apelo mítico e místico. Embora o banditismo não deva ser romantizado, ele faz parte do tecido cultural do Brasil e adquirir conhecimento sobre esses movimentos e seu impacto é vital para uma melhor compreensão da história e das culturas brasileiras.
Agora RN – E o sentimento de levar o Nordeste e o RN para tantos países?
Alice Carvalho – É uma experiência emocionante e gratificante. Foram 8 meses de gravação intensa e eu repetiria tudo. Aquela terra tem uma riqueza cultural e uma beleza que merecem ser compartilhadas com o mundo, e ter a oportunidade de participar dessa obra é um privilégio imenso. Estar lá, sentir aquele calor, o cheiro, passa a verdade daquele lugar e espero que o público possa se conectar com a região através disso e apreciar essa singularidade.
Agora RN – Além de você, outros potiguares estão no elenco. Como você enxerga a representatividade potiguar no audiovisual?
Alice Carvalho – É bom demais ver talentos locais sendo reconhecidos e tendo a oportunidade de contribuir para projetos de alcance nacional e internacional. Não apenas fortalece a indústria criativa local, mas também contribui para uma narrativa mais autêntica e diversificada, onde as vozes e histórias podem ser ouvidas e vistas em diversas plataformas. Espero que esse movimento continue a crescer em todas as frentes e temáticas, abrindo portas para mais artistas novos, locais e com propriedade e vivência sobre o tema que será discutido na trama. É isso que enriquece a nossa cultura.
Agora RN – Na sua visão, qual é o impacto de “Cangaço Novo”?
Alice Carvalho – “Cangaço Novo” oferece uma janela para uma parte da história brasileira muitas vezes desconhecida pelo público, abrindo espaço para uma compreensão mais profunda da complexidade da nossa cultura. A narrativa oferece uma perspectiva sobre o passado e o presente, destacando tanto as semelhanças quanto às transformações ao longo do tempo, como a busca por identidade e liberdade. É uma perspectiva mais completa sobre as transformações sociais, culturais e éticas que moldaram o Brasil ao longo do tempo.