Levantamento anual da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) lista os aeroportos mais sustentáveis do país e os mais poluentes. A ANAC concede pontuações aos aeroportos com base em dezenas de critérios estabelecidos em edital, tais como gerenciamento do consumo de energia elétrica, elaboração e acompanhamento de indicadores de emissão de gases do efeito estufa, plano de adaptação às mudanças climáticas e monitoramento da qualidade do ar local.
A quantidade de critérios avaliados e seus respectivos pesos ponderados para a nota final, dada em forma de porcentagem, variam de acordo com os grupos dos aeroportos, divididos pela quantidade de passageiros por ano. Terminais com desempenho abaixo de 25% são excluídos da pesquisa. O Aeroporto Internacional de São Gonçalo do Amarante, no Rio Grande do Norte, obteve uma das piores notas (44,87%) superando apenas o Aeroporto Júlio Cezar Ribeiro, em Belém (PA), que ficou com a pior nota, 31,99%, sendo um dos mais poluentes do país.
Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) lista os aeroportos mais poluentes / Fonte: ANAC
Para entender, quanto maior a pontuação mais sustentável é o terminal aeroportuário. No Nordeste, destaque para o Aeroporto Deputado Luís Eduardo Magalhães, em Salvador (BA), com 95,90%. Outro que ficou bem na fita foi o Zumbi dos Palmares em Alagoas, com 83,26%. O terceiro foi o Aeroporto Presidente Castro Pinto, em Bayeux (PB), com 82%. Tipicamente, as aeronaves são responsáveis pela maior parcela das emissões em um aeroporto. Uma das soluções mais viáveis para redução das emissões das aeronaves seria o uso de combustíveis sustentáveis de aviação.
Diante das metas para redução e neutralização de carbono estabelecidas por organizações internacionais, a ANAC e o Congresso Nacional se movimentam para decidir as regras que vão guiar as companhias aéreas pelos próximos anos e décadas. Uma nova resolução do setor vai exigir a compensação do dióxido de carbono emitido por companhias aéreas em voos internacionais. Para cumprir a regra, as empresas terão de comprar créditos de carbono. A Anac prevê multa de R$ 50 por tonelada de gás carbônico não compensada. A compensação das emissões, porém, é esperada somente para 2027.
Uma das saídas para a descarbonização do setor aéreo, o SAF (combustível sustentável de aviação) polui até 80% menos do que o querosene tradicionalmente usado pelas companhias aéreas. No entanto, ainda é caro e possui volumes insuficientes para dar conta de toda a demanda. O SAF pode ser produzido a partir de várias fontes, como biomassa (caso do etanol), óleos vegetais, gordura animal, gases residuais, entre outros.
Rodrigo Rafael, jornalista, Diretor de Representação Institucional da Assembleia Legislativa e tem MBA em Environmental, Social & Governance (ESG) pelo IBMEC/São Paulo.