Em pleno 2025, quando mais de 170 milhões de brasileiros utilizam o WhatsApp como ferramenta cotidiana de comunicação, é incompreensível que o setor público ainda permaneça tão atrasado na digitalização de seus serviços. No campo da saúde, por exemplo, milhões de brasileiros enfrentam diariamente a peregrinação para agendar consultas, realizar exames e obter resultados, muitas vezes precisando madrugar em filas de postos de saúde. Essa rotina ultrapassada gera sofrimento, perda de tempo e, em casos extremos, agravamento de condições de saúde que poderiam ser evitadas.
Bastaria uma ferramenta simples, como o WhatsApp, para revolucionar essa dinâmica. Um sistema de agendamento digital poderia proporcionar a marcação de consultas, exames e até a entrega de resultados com poucos cliques. Além de economizar tempo e recursos, essa mudança reduziria o desgaste emocional e físico dos usuários, especialmente os idosos, pessoas com dificuldades de locomoção ou aqueles que dependem do transporte público.
Enquanto o setor público patina, o setor privado já está quilômetros à frente. Bancos, por exemplo, há muito tempo, permitem que clientes paguem contas, façam transferências e consultem extratos sem jamais enfrentar filas. A digitalização não é apenas uma conveniência; é uma resposta às demandas de uma sociedade cada vez mais conectada.
Felizmente, algumas iniciativas no setor público começam a apontar para um futuro mais promissor. Em Natal, o recém-empossado prefeito Paulinho Freire anunciou planos para modernizar os serviços públicos, incluindo a implementação de agendamentos via WhatsApp. Já em Recife, o prefeito João Campos lidera a transição para o conceito de “clique zero”, em que o serviço público se antecipa às necessidades do cidadão. Um exemplo inovador é o envio de mensagens às mães com felicitações pelo aniversário dos filhos e informações sobre vacinas, incluindo local e horário agendados, eliminando qualquer necessidade de ação por parte do cidadão.
Esses exemplos mostram que é possível modernizar a gestão pública e aproximá-la das melhores práticas do setor privado. Mas é necessário transformar exceções em regra. A digitalização dos serviços públicos não é apenas uma questão de eficiência administrativa; é uma questão de respeito à dignidade dos cidadãos.
O Brasil precisa superar a “idade da pedra digital” no setor público. O sofrimento imposto às pessoas por processos obsoletos já não encontra justificativa em uma sociedade amplamente conectada. É hora de priorizar a transformação digital como um direito essencial.
Vagner Araujo (@fvagner) é secretário do Planejamento de Natal
