Um fenômeno peculiar tem sido observado nas eleições municipais Brasil afora: deputados e senadores que disputam para prefeito participam ativamente de campanhas e eventos em outros municípios. Este comportamento levanta uma questão intrigante: será que esses candidatos realmente acreditam na própria eleição para os cargos executivos que disputam?
A prática de marcar presença em outros municípios de suas bases parlamentares, mesmo enquanto se candidatam a prefeito em determinada cidade, sugere que esses políticos estão, na verdade, garantindo um “plano B”. Ao destinarem tempo para suas bases, eles sinalizam uma preocupação em manter o apoio para futuras eleições para o legislativo, caso não consigam se eleger como prefeito. A lógica é clara: se realmente acreditassem em sua vitória, não precisariam reforçar suas bases parlamentares, pois já não estariam mais concorrendo a essas vagas.
Outro comportamento comum é observado em vereadores ou deputados que se lançam na disputa para prefeito ou vice-prefeito. Muitos destes colocam familiares ou pessoas de extrema confiança para ocuparem seus espaços na disputa pelo para o parlamento, já antevendo que podem não ser eleitos. Essa estratégia funciona como uma “carta de seguro”, revelando uma falta de confiança no próprio êxito eleitoral.
A questão aqui não é julgar as escolhas desses políticos, mas analisar a estratégia de marketing dessas ações, que é contraproducente. Ao dividirem suas atenções e energias entre a campanha para o executivo e a manutenção de suas bases parlamentares, esses candidatos acabam transmitindo uma mensagem clara para o eleitorado: não acreditam plenamente em suas próprias candidaturas. E se o próprio candidato não está convencido de sua vitória, como esperar que os eleitores acreditem?
A percepção dos eleitores é aguçada. Eles notam quando um candidato não está totalmente comprometido com a campanha. Para conquistar a confiança e os votos, é essencial que os candidatos demonstrem firmeza e dedicação total à disputa que enfrentam. Dividir o foco pode ser interpretado como falta de seriedade e comprometimento com suas postulações, resultando em um impacto negativo nas urnas.
Portanto, a dica aqui é clara: os candidatos devem se empenhar integralmente na campanha para o cargo executivo, mostrando confiança e determinação. Abandonar a prática de “dividir-se” pode não só fortalecer a imagem do candidato, mas também aumentar suas chances de sucesso nas eleições. Mostrar aos eleitores que se acredita na própria vitória é o primeiro passo para conquistá-la.
Vagner Araújo (@fvagner) é ex-secretário de Planejamento e Finanças do RN