Foi aberta as Olimpíadas 2024 em Paris e um legado mais sustentável foi mostrado. Com um investimento de 1,4 bilhão de euros (cerca de R$ 8 bilhões) foi feita a despoluição do Rio Sena, palco da abertura dos jogos e maior legado sustentável que ficará na história da capital da França. Desde 1923 era proibido nadar no rio, devido à má qualidade da água, receptáculo histórico do esgoto de residências e indústrias da região e do lixo carregado pela água da chuva.
Até os anos 1970, ainda era comum ver parisienses desafiarem a interdição e mergulharem no Rio Sena. Durante dias que antecederam o início dos jogos, autoridades mergulharam nas águas, para mostrar que não estão mais poluídas e com condições de receber as provas de águas abertas das Olimpíadas. Apesar dos mergulhos, ainda há dúvidas sobre a balneabilidade do Sena para as provas olímpicas e paralímpicas. Medições do nível de coliformes fecais são feitas diariamente. Caso nos dias de competição a qualidade da água seja insuficiente, as provas serão adiadas ou transferidas para outro local.
A cerimônia no Rio Sena foi diferente das outras, que ocorriam em estádios fechados. Ao longo do percurso foram quase 100 embarcações, com cerca de 10.500 atletas. O rio passa por pontes históricas e locais turísticos como a Catedral de Notre-Dame e o Museu do Louvre, e lugares que receberão provas olímpicas, como a Esplanade des Invalides e o Grand Palais. As delegações chegaram ao Trocadero, esplanada que fica em frente à Torre Eiffel, onde foram realizados os protocolos oficiais da abertura, com o acendimento da pira olímpica.
Inclusive, a climatização da Vila Olímpica e Paralímpica foi meta de cortar pela metade a emissão de gases que geram o efeito estufa em relação a edições anteriores, marcadas pela emissão de toneladas de dióxido de carbono. Paris optou por não instalar ar-condicionado na Vila Olímpica. A escolha não foi bem recebida por diversas delegações. Após as reclamações, abriu a possibilidade de locação de equipamentos de ar-condicionado, com o custo arcado pelos comitês olímpicos de cada país. Mas foi fornecida energia renovável para o funcionamento desses aparelhos temporários em uma tentativa de minimizar os impactos ambientais.
Com o aumento das temperaturas globais, as Olimpíadas em Paris mostra ações sustentáveis para o mundo. Além de alimentar as operações dos eventos com energia 100% renovável de origem eólica e solar. O Comitê Olímpico usa instalações existentes quando possível, e construíram novos locais com concreto de baixo carbono e materiais reciclados e trouxeram milhares de assentos feitos de plástico reciclado. Todos os locais de competição estão localizados em transportes públicos, o que permite a circulação de menos veículos nas ruas de Paris.
Rodrigo Rafael, jornalista, Diretor de Representação Institucional da Assembleia Legislativa e tem MBA em Environmental, Social & Governance (ESG) pelo IBMEC/São Paulo.