Na política, obra boa sempre foi um grande cabo eleitoral – e o Rio Grande do Norte conhece bem o peso de certas realizações na hora do voto. Voltemos a 2006: na corrida pelo governo, Wilma de Faria buscava a reeleição e enfrentava um gigante nas pesquisas, o ex-governador Garibaldi Alves.
Favoritíssimo, Garibaldi era chamado de “governador de férias”, tamanha a confiança de que levaria a melhor. Só que, contra todas as previsões, Wilma ganhou. Entre outros trunfos, ela tinha uma carta poderosa: a Ponte Newton Navarro, que ligou as zonas Norte e Sul de Natal e virou um símbolo, uma espécie de monumento ao “é possível fazer”. Foi essa ponte, com seu impacto visual e o benefício direto aos natalenses, que fez o eleitorado parar, olhar e decidir que queria Wilma por mais um mandato.
Agora saltemos para 2024, eleição para prefeito de Natal. Carlos Eduardo, ex-prefeito e dono de um histórico político sólido, era considerado imbatível, segundo analistas e pesquisas iniciais. A dúvida era se ele venceria já no primeiro turno. Mas o inesperado aconteceu: ele nem chegou ao segundo turno. Quem levou a melhor foi Paulinho Freire, que contava com o apoio do prefeito Álvaro Dias e de várias lideranças locais. Claro, teve muita coisa que contou nessa virada – um bom marketing, tempo de TV e o apoio de vereadores e líderes de bairro –, mas foi a obra da “engorda” da praia de Ponta Negra que deu a maior contribuição final.
A “engorda” – recuperação e ampliação da faixa de areia de Ponta Negra – foi uma visão de mestre. Ponta Negra é o coração turístico e sentimental de Natal, e vê-la renovada e protegida do avanço do mar foi um presente para a cidade. E o que é melhor: a obra estava ali, visível, durante a campanha, uma lembrança constante do compromisso de Álvaro e Paulinho com a cidade. Não tão grandiosa quanto a Ponte Newton Navarro, mas poderosa pelo que também representava.
No fim, tanto a ponte de Wilma quanto a engorda de Álvaro e Paulinho mostram o quanto uma obra bem feita pode ser mais convincente que promessas e planos de governo. Foi o concreto (literalmente!) que falou mais alto, mostrando ao eleitor que, sim, é possível fazer diferente e fazer mais. E assim, com uma ponte e uma praia renovada, duas eleições foram viradas pelo poder de uma realização bem marcante – e, mais do que isso, bem visível e simbólica.