Nos últimos anos, houve uma tese crescente de que as redes sociais dominariam o cenário das campanhas eleitorais, eclipsando a influência da televisão. Com a queda das audiências de TV e o crescimento das plataformas digitais, muitos candidatos apostaram que a força das redes sociais seria suficiente para convencer o eleitorado. No entanto, uma série de fatores, juntamente com pesquisas recentes, revela que a TV continua a ter um papel central nas campanhas, especialmente no que diz respeito ao impacto do horário nobre e das inserções da propaganda eleitoral.
Embora as redes sociais realmente possuam grande influência, essa força é muitas vezes diluída por uma série de condicionantes. O pouco interesse do público em geral por política, combinado com o funcionamento dos algoritmos, faz com que os conteúdos de campanha nas redes muitas vezes atinjam apenas as “bolhas” de apoiadores já existentes. Mesmo com investimentos em tráfego pago, que permitem direcionar os conteúdos para públicos-alvo específicos, o alcance efetivo ainda é limitado. O algoritmo das plataformas, ao priorizar os interesses de cada usuário, filtra o que aparece no feed, tornando a exposição às mensagens políticas menos orgânica.
Por outro lado, a televisão mantém-se como uma plataforma dominante, com programas jornalísticos, novelas e atrações populares no horário nobre. Isso garante que as inserções políticas veiculadas nesses momentos sejam vistas por um público amplo e diversificado, sem que os espectadores tenham optado ativamente por ver esses conteúdos, como ocorre nas redes sociais. Assim, as mensagens políticas alcançam um número amplo de eleitores, de forma direta e sem intermediários.
Uma evidência recente da eficácia da TV no cenário eleitoral pode ser observada em cidades como São Paulo e Natal, onde as pesquisas de intenção de voto registraram mudanças de cenário logo após o início do período de propaganda gratuita no rádio e na TV. Candidatos com mais tempo de exposição nesses veículos apresentaram crescimento nas pesquisas enquanto os que têm pouco tempo mostraram recuo, reforçando a relevância desses meios tradicionais.
Historicamente, o tempo de TV era um fator determinante para o sucesso de uma candidatura. A decisão de algum postulante se candidatar ou não dependia do tempo de TV e rádio que seus partidos teriam. Ultimamente, embora muitos tenham acreditado que o avanço das redes sociais diminuiria essa relevância, as campanhas em andamento mostram que a televisão e o rádio ainda são fundamentais para alcançar e persuadir o eleitorado. O resultado das eleições trará a resposta definitiva, mas as pesquisas indicam que, apesar da força das redes sociais, a TV continua sendo um pilar decisivo no sucesso de campanhas eleitorais.
Vagner Araujo (@fvagner) é ex-secretário de Planejamento e Finanças do RN