O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) será ouvido nesta terça-feira 10, a partir das 14h30, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado para mantê-lo no poder após a derrota nas eleições de 2022. A sessão, iniciada pela manhã, foi suspensa às 12h30 para o almoço e será retomada com o depoimento de Bolsonaro e de outros dois ex-ministros da Defesa: Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto.
“Não participei de qualquer articulação para questionar o resultado das urnas”, afirmou Bolsonaro no início de seu depoimento, confirmando que responderá às perguntas da Corte. O ex-presidente está entre os principais investigados do que a Procuradoria-Geral da República chama de “núcleo decisório” do suposto plano golpista.

Mais cedo, foram ouvidos os ex-ministros Almir Garnier (Marinha), Anderson Torres (Justiça) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), todos negando envolvimento em qualquer tentativa de ruptura institucional. “Nunca recebi, nem repassei, ordens ilegais”, disse Garnier. Anderson Torres, por sua vez, afirmou que “todas as minhas ações foram dentro da legalidade, inclusive no período pós-eleitoral”.
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Na segunda-feira 9, a Corte ouviu o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Cid já havia feito delações à Polícia Federal apontando reuniões e esboços de decretos que visavam reverter o resultado eleitoral. Ramagem negou envolvimento em qualquer ação fora dos limites constitucionais.

A condução dos interrogatórios tem sido marcada por um equilíbrio entre firmeza e controle do ambiente por parte do relator, ministro Alexandre de Moraes. Durante a sessão, Moraes chegou a ironizar uma resposta vaga, dizendo: “Aqui não estamos em seminário acadêmico”.
O inquérito, que tramita no STF sob relatoria de Moraes, investiga a atuação de militares, ex-ministros e aliados próximos de Bolsonaro em uma suposta trama para invalidar as eleições de 2022. Os investigadores apuram a existência de uma minuta de decreto de estado de defesa, além de reuniões para discutir medidas contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Congresso Nacional.
Com os depoimentos desta terça-feira, o Supremo avança na oitiva do grupo central da investigação. A expectativa é que, após os interrogatórios, a Procuradoria-Geral da República apresente parecer sobre possíveis denúncias formais contra os investigados.