BUSCAR
BUSCAR
Praia

Praticantes do surfe reclamam de Ponta Negra após a engorda

Instrutor diz que sua escola, com cerca de 50 alunos, mudou para Cotovelo devido às alterações na praia de Ponta Negra
Redação
27/03/2025 | 09:08

A engorda na praia de Ponta Negra provocou mudanças não só na areia da praia, como também no mar, segundo afirmam banhistas e visitantes de um dos cartões postais mais famosos do Rio Grande do Norte. Surfistas atuantes em Ponta Negra falaram, ao AGORA RN , sobre as condições do local para a prática do esporte e mudanças nas ondas ocasionadas pela obra.

Jorge Henrique, instrutor de surfe e fundador da Escola de Surfe Morro do Careca, informou que a escola ainda não retornou às aulas por questões logísticas e de organização de materiais no espaço onde as aulas ocorrem. “Também a parte logística do mar, ainda não está 100%. Onda tem de vez em quando, quando entra o swell (séries de ondas no mar) certo, nas marés de lua nova ou de lua cheia, que dá onda”, falou.

Francisco Instrutor de Surf Ponta Negra (5)
Mudança na orla fez com que o fundo do mar ficasse mais profundo, dizem surfistas. Foto: José Aldenir/Agora RN

“Estou me virando aos poucos, a situação não está normal ainda, a praia de Ponta Negra está também bem fraca em relação ao turismo, em relação às pessoas que frequentam a praia. Muita gente reclama”, disse Jorge e citou que banhistas mencionam regularmente sobre os rodolitos presentes na areia da praia e no mar.

Ele também disse que, em relação ao trabalho de aulas particulares, a situação se complica um pouco mais, com a praia “parada”. “Agora mesmo estou aqui na praia parada, a manhã já está de enchente, quando ela começa a encher nesse momento já não tem mais condições de dar aula e nem de alugar prancha, porque eu não vou alugar prancha para as pessoas se machucarem”, completou.

O instrutor de surfe da AR Surf School, Gustavo Leão, por outro lado, afirmou que Ponta Negra não está completamente adequada para a prática do surfe. “Na [maré] seca, em condições específicas, como marés de lua cheia ou nova que ela regride bastante, tem um intervalo de tempo para a prática do surf, mas de toda forma não é a ideal em grande parte do tempo”, disse.

Ele também informou que a escola, que tem mais de 50 alunos, precisou mudar de local de prática devido às alterações na praia de Ponta Negra, indo para a praia de Cotovelo na maioria dos dias. “Teve que mudar de local devido a não condição ideal de surf na maior parte do dia. Optamos mudar para a praia de Cotovelo porque ela proporciona atender iniciantes como surfistas mais avançados, ainda sim nos dirigimos a outras praias como Miami e Tabatinga a fim de atender o público mais avançado”, completou.

“Quase todo nosso equipamento teve que ser realocado em outra localidade mais próxima de Cotovelo, para que a logística fique mais fácil, o que acaba também impactando no custo de funcionamento da escola”, falou Gustavo.

Também instrutor de surfe na AR Surf School, Lysandro Leandro contou, à reportagem, que após a engorda de Ponta Negra, a praia “está bem ruim com tempo de surfe limitado”, com intervalo para prática somente na maré seca. “Isso acaba dificultando a vida dos amantes do surfe que poderiam surfar a qualquer hora do dia, independente de maré cheia ou seca”, falou.

“A mudança na orla fez com que o fundo do mar ficasse mais profundo e as ondas não chegassem com força na beira e não está formando uma boa onda para surfar, ela apenas quebra diretamente na areia, no raso”, adicionou.

Engorda de Ponta Negra

A engorda da Praia de Ponta Negra foi uma resposta à erosão costeira, que é um problema global agravado pelas mudanças climáticas e pela elevação do nível do mar. A obra de aterro hidráulico, que ampliou a faixa de areia da praia ao longo de 4,6 quilômetros da orla, iniciando na Via Costeira até o Morro do Careca, foi concluída em janeiro.

NOTÍCIAS RELACIONADAS