A Polícia Civil de Mogi das Cruzes está conduzindo uma investigação que desvendou um esquema criminoso envolvendo um “banco do crime” vinculado ao PCC e 19 outras empresas, que juntas movimentaram cerca de R$ 8 bilhões. Esse montante teria sido utilizado para financiar campanhas políticas em cidades do estado de São Paulo, conforme apontam as investigações.
As autoridades identificaram e bloquearam movimentações financeiras suspeitas realizadas entre as empresas envolvidas, incluindo um banco com sede na Grande São Paulo, semelhante a fintechs. Segundo a polícia, essa instituição foi criada por membros do PCC com o objetivo de lavar dinheiro e apoiar candidaturas eleitorais. O delegado responsável pelo caso, Fabrício Intelizano, afirmou que pelo menos três candidatos de Mogi das Cruzes, Ubatuba e Santo André foram beneficiados.
A operação teve início a partir de investigações relacionadas ao tráfico de drogas e resultou no bloqueio de bens e valores. Em junho de 2023, a polícia obteve acesso ao celular de Fabiana Lopes Manzini, esposa de Anderson Manzini, apontado como um dos membros antigos do PCC. Fabiana é suspeita de liderar negócios ilícitos, incluindo tráfico de drogas, e de atuar em conjunto com João Gabriel de Mello Yamawaki, primo de Anderson, para coordenar o apoio a candidatos políticos.
Yamawaki, que integrava o núcleo financeiro do PCC, conhecido como “câmbio”, tinha como objetivo eleger vereadores em diversas cidades paulistas. A investigação revelou troca de mensagens entre Yamawaki e Fabiana, nas quais ele indicava nomes ligados ao PCC para concorrer em cidades como São José do Rio Preto, Campinas e Baixada Santista. A polícia planeja aprofundar a investigação e realizar operações nessas localidades para mapear possíveis infiltrações do PCC na política.
A instituição financeira criada por Yamawaki, denominada 4TBank, estava operando ilegalmente, sem autorização do Banco Central, segundo o delegado Intelizano. Com CNPJ ativo há cinco anos em Mogi das Cruzes, o banco movimentou cerca de R$ 600 milhões, incluindo quase R$ 100 milhões em saques e dinheiro em espécie. Além da sede em Mogi das Cruzes, o banco também operava com outros dois CNPJs, um em um escritório compartilhado na zona sul de São Paulo e outro em Palmas, Tocantins.
A operação identificou um total de 32 investigados, dos quais 6 possuem ligações diretas com o banco do PCC. Os outros envolvidos têm conexões com o tráfico de drogas, incluindo mulheres de pessoas presas e membros da facção criminosa. O banco está associado a dez empresas e seis indivíduos sob investigação.
*Com informações do UOL