O ex-presidente da República e ex-senador por Minas Gerais, Itamar Franco, no dia 29 de outubro de 1993, demitiu o então ministro chefe da Casa Civil, Henrique Hargreaves, devido a denúncias de envolvimento no esquema de corrupção do orçamento. Cento e um dias depois, Itamar Franco deu posse novamente a Henrique Hargreaves, desta vez como ministro chefe da Casa Civil, após o relatório final da CPI do Orçamento considerar as denúncias improcedentes. Esse era o estilo de Itamar Franco, o presidente do Brasil mais esquecido entre os eleitos depois da ditadura militar.
Itamar não aceitou que o governo tivesse sua imagem manchada por uma denúncia de corrupção envolvendo um ministro e, mais do que isso, um grande amigo. Demitiu Hargreaves, pediu para que se defendesse e, depois de provada sua inocência, fez com que voltasse para o governo.
O governo do presidente Lula passa no momento pelo vexame de uma denúncia contra o seu ministro chefe da Casa Civil, Rui Costa. Um dos nomes mais importantes do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Rui Costa (PT) teve o nome citado em uma delação premiada, no âmbito de investigações sobre supostas irregularidades envolvendo a compra de respiradores na Bahia durante a pandemia de Covid-19.
O presidente Lula, tão criticado por seus adversários no quesito corrupção, deveria seguir o exemplo do ex-presidente Itamar Franco e afastar o seu ministro-chefe da Casa Civil enquanto a denúncia não fosse apurada, garantindo a ampla defesa do acusado.
O exemplo de Itamar Franco deveria ser a conduta adotada por todo governante público, seja no âmbito federal, estadual ou municipal. O tema corrupção é recorrente em todas as eleições no Brasil, e é mais do que hora do bom exemplo vir de cima, daqueles que governam os destinos do país, dos estados e municípios, afastando de qualquer cargo público quem quer que seja denunciado. Sem condenação antecipada de ninguém, mas como exemplo para a sociedade. E, uma vez provada a inocência do acusado, o mesmo pode, inclusive, voltar para o cargo que exercia.
Faltam seis meses para as eleições, e à medida que o dia da votação, 6 de outubro, se aproxima, vão chover denúncias de corrupção contra todo tipo de candidato. Com a enxurrada de Fake News nas redes sociais, o eleitor precisa ficar muito atento para saber separar o joio do trigo, a verdade da mentira, e fazer a melhor escolha para sua cidade. Saber escolher o vereador que realmente represente a sua comunidade e que também olhe pela cidade como um todo.
Escolher um prefeito que impulsione o desenvolvimento econômico e social, atraindo investimentos capazes de gerar empregos e renda, mas que não esqueça dos mais desamparados que perambulam em todas as cidades atrás de um pão, um café, um prato de comida. Escolher um prefeito comprometido com a educação de qualidade para as crianças, pois essa é tarefa da prefeitura. Um gestor que cuide da saúde, do SUS, para que o cidadão encontre os medicamentos e uma equipe qualificada para atendê-lo quando precisar, no posto de saúde, na UPA ou em qualquer outra unidade.
Combater a corrupção em todas as esferas da sociedade, seja pública ou privada, sem moralismo e histrionismo, é dever de todos, principalmente dos representantes do povo.