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Coluna

Mudança climática intensifica também turbulência em voos

Confira a coluna de Rodrigo Rafael desta quinta-feira 4
Rodrigo Rafael
04/07/2024 | 07:27

Especialistas já alertavam há alguns anos que alguns tipos de turbulência aérea devem se tornar mais comuns à medida que as mudanças climáticas se aprofundam no mundo. O fenômeno é altamente influenciado pela temperatura global. Um dos tipos de turbulência que já vêm se tornando mais recorrentes em razão das mudanças climáticas é a de céu claro, considerada mais perigosa por não ser facilmente detectada por radares.

As mudanças climáticas estão acelerando as correntes de ar e gerando mais instabilidade nos voos. No início da semana, um avião que seguia para o Uruguai precisou fazer um pouso de emergência no Aeroporto de São Gonçalo do Amarante (RN) após sofrer uma forte turbulência. Foram pelo menos 40 feridos. Passageiros chegaram a ser internados na UTI do Hospital Walfredo Gurgel, um deles com suspeita de trauma encefálico. Outro passou por cirurgia após sofrer uma fratura no fêmur.

Avião que pousou em Natal. Foto: José Aldenir/Agora RN
Avião que pousou em Natal. Foto: José Aldenir/Agora RN

Em maio passado, 12 pessoas ficaram feridas durante uma turbulência enfrentada por um avião da Qatar Airways que ia de Doha (Catar) até a Irlanda. A turbulência teria durado menos de 20 segundos e acontecido durante o serviço de alimentação. Uma turbulência severa aconteceu durante um voo da Singapore Airlines, provocando a morte do britânico Geoffrey Kitchen, 73. Além disso, 30 ficaram feridos.

O avião iria de Londres para Singapura e fez um pouso de emergência em Bancoc, na Tailândia, após cair bruscamente de uma altitude de 37 mil pés (mais de 11 mil metros) para 31 mil pés (cerca de 9.500 metros).

As turbulências são invisíveis para pilotos e satélites. Em 2013, um trabalho da revista “Nature Climate Change” usou um supercomputador para simular a ocorrência de eventos atmosféricos em diferentes cenários climáticos e, assim, estimar o impacto das temperaturas elevadas sobre as turbulências. O grupo identificou que o incremento na frequência das turbulências de céu claro poderia ficar entre 40% e 170%. Mas o cenário mais provável é que a quantidade de tremores aéreos dobre até a metade deste século, quando, segundo projeções, a temperatura terá subido até 2 ºC.

Atualmente, os pilotos se baseiam em relatos feitos por outros pilotos de aviões que já fizeram a viagem através do Atlântico no início do dia, a fim de poder antecipar as condições de voo que encontrarão. Não vamos ignorar os alertas científicos. Os voos transatlânticos devem ficar cada vez mais turbulentos se o aquecimento global continuar acima da média. Certamente é plausível que se voos começarem a ser desviados com mais regularidade para evitar a turbulência, a quantidade de combustível que precisará ser queimada irá aumentar.