Há dias, um dos assuntos mais comentados em Paris e nas redes sociais, durante as disputas aquáticas dos Jogos Olímpicos, é a qualidade da água do rio Sena. Todos sabemos que um rio que passa dentro de uma cidade, sempre irá ter contribuições de esgoto, de alguma conexão clandestina ou antiga, urina de ratos que vivem em galerias pluviais… Sem falar que a chuva lava as ruas e joga mais sujeira que escoam nos rios urbanos.
Para as Olimpíadas 2024, a França investiu 1,4 bilhão de euros (R$ 8,58 milhões), desde 2006, em um projeto de regeneração fluvial que visa, entre outras coisas, tornar o rio Sena seguro para nadar após cem anos de proibição. Mas a questão da água contaminada virou um constrangimento para os organizadores dos Jogos Olímpicos e as autoridades públicas francesas.
“Bebi muita água, então saberemos amanhã se estou doente ou não. Não tem gosto de Coca-Cola ou Sprite, é claro. Enquanto nadava sob a ponte, senti e vi coisas nas quais não deveríamos pensar muito”, revelou a triatleta belga Jolien Vermeylen. Já a britânica Beth Potter, medalhista de bronze do triatlo feminino, saiu em defesa: “Pessoalmente, acho que a água estava boa. A coisa mais difícil para nós foi a correnteza enquanto nadávamos rio acima, mas conseguimos”, declarou à imprensa.
O presidente da França, Emmanuel Macron, comemorou no Instagram a realização das provas no rio. “Conseguimos em quatro anos o impossível há cem: Sena é balneável!”. Nas redes sociais, brasileiros usuários da rede social X (antigo Twitter) não pouparam críticas à escolha do Sena como local de realização das provas olímpicas e tiraram sarro da situação. O legado? A ideia é, daqui a um ano, as autoridades permitirem que franceses e turistas se banhem nas águas do Sena.
Diariamente são feitas análises da qualidade da água do Rio Sena, que também sediará o revezamento misto de triatlo em 5 de agosto, a maratona olímpica de natação nos dias 8 e 9 de agosto e a prova de paratriatlo dos Jogos Paralímpicos, que começam em 28 de agosto. Se não houver nada de novo, o rio voltará a ser palco da competição do revezamento misto, previsto para segunda-feira (5). Depois, também vai receber a maratona aquática, no dia 8, enquanto os homens que disputam o triatlo vão cair na água no dia 9 de agosto.
Rodrigo Rafael, jornalista, Diretor de Representação Institucional da Assembleia Legislativa e tem MBA em Environmental, Social & Governance (ESG) pelo IBMEC/São Paulo.