A Folha de São Paulo publicou nesse sábado, 17 de julho, reportagem “Agricultores e ONGs ficam em lado oposto a governos na transição energética no Nordeste”. Com destaque de capa, cita o parque eólico Acauã, no Rio Grande do Norte, onde moradores, pequenos produtores e entidades apontam desequilíbrio nas relações com empresas, que exploram a instalação de transição energética na região.
O Instituto Seridó Vivo alega que o parque vai danificar alguns dos sítios arqueológicos e contestou no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a autorização para a construção de parque eólico nas serras de São Bernardo, Formiga e do Feiticeiro. O Ministério Público Estadual também pediu o cancelamento do empreendimento por considerar o possível prejuízo à caatinga. O caso está em análise.
Moradores relatam casos em que o pó e o barro (em dias de chuva) do caminho de terra passaram a prejudicar a saúde dos moradores e a economia local. Ficou pior com a construção do Complexo Eólico Acauã, administrado pela Aliança Energia. A reivindicação dos moradores locais é que a via seja asfaltada pela prefeitura, pelo governo do estado ou pela empresa.
Segundo a reportagem, a empresa Aliança Energia afirma ter uma equipe social dedicada ao relacionamento com as comunidades e canais de comunicação disponíveis para o diálogo. Moradores de comunidades onde existem parques eólicos, e que convivem dia e noite com as torres eólica, reclamam das dificuldades causadas pela poluição sonora provocada pela movimentação de seus geradores.
Alegam que é como se fosse uma turbina de avião que nunca desliga. Existem casos de saúde humana, nos quais provoca um zumbido no ouvido, a depressão e o medo.
No Brasil, existem hoje mais de 800 parques eólicos, com mais de 10 mil torres geradoras. O Projeto Eólico Acauã é composto por 26 aerogeradores com capacidade de 4,2 MW cada, dispostos em quatro parques eólicos, distribuídos nos municípios de Santana do Matos, Lagoa Nova, São Vicente e Tenente Laurentino Cruz, ambos na região Seridó. O complexo poderá abastecer cerca de 580 mil residências no padrão médio de consumo do Nordeste.
Rodrigo Rafael, jornalista, Diretor de Representação Institucional da Assembleia Legislativa e tem MBA em Environmental, Social & Governance (ESG) pelo IBMEC/São Paulo.