Segundo o Departamento Estadual de Trânsito do Rio Grande do Norte (Detran/RN), até junho deste ano, os carros elétricos e híbridos já passavam de 4 mil veículos emplacados no Estado. Somente na capital potiguar, eram mais de 2 mil, e o restante, em cidades do interior. Para se ter uma ideia do avanço, em 2022, ano que começou esse mercado aqui, 1.343 carros híbridos e elétricos foram emplacados no RN. Já em 2023, durante todo o ano, 2.338 veículos foram emplacados. A tendência se torna uma realidade também no nosso Estado.
No Brasil, as vendas de veículos elétricos cresceram quase 150% no primeiro semestre de 2024, em relação ao mesmo período de 2023. Mas o consumidor que pensa em trocar o carro a combustão principalmente pelo elétrico puro, tem preocupações que impedem um crescimento ainda maior desse mercado. Uma pesquisa feita pela consultoria Roland Berger no Brasil mostra que a oferta de peças e componentes agora aparece ao lado das barreiras já conhecidas: falta de infraestrutura de carregamento e alto preço de revenda dos veículos, já que a maior parte é importada.
Atualmente, sabemos que tudo é importado, e a falta de peças é uma das três principais preocupações em relação aos elétricos. Ninguém quer ficar dois ou três meses com o carro parado esperando manutenção. Há diversos casos no Estado, onde carros tiveram sinistros e pequenas batidas, e os clientes aguardam meses por peças. As duas marcas chinesas BYD e GWM já planejam começar sua produção nacional de veículos entre este ano e 2025, com fábricas na Bahia e em São Paulo. E já iniciaram conversas com fornecedores brasileiros para garantir a oferta de peças e reduzir custos.
A BYD, que teve crescimento acelerado de vendas investe no reforço do estoque de seu centro de distribuição no Espírito Santo, que tem 375 mil itens, além da logística de distribuição, e afirma ter solucionado esse gargalo. A GWM tem um centro de armazenagem de peças, em Cajamar, na Grande São Paulo. A maioria das peças vem da China. O preço elevado das peças preocupa clientes de carros elétricos e híbridos.
De acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), as montadoras vão desembolsar no Brasil, no novo ciclo de investimentos até 2030, R$ 130 bilhões para desenvolver tecnologias limpas, incluindo a eletrificação dos veículos. Se as previsões dos especialistas se concretizarem, serão vendidos somente no país 150 mil veículos eletrificados em 2024, 60% a mais do que em 2023.
Rodrigo Rafael, jornalista, Diretor de Representação Institucional da Assembleia Legislativa e tem MBA em Environmental, Social & Governance (ESG) pelo IBMEC/São Paulo.