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Coluna

Estados Unidos fora da meta global é “uma péssima notícia para o clima”

Leia o artigo de Rodrigo Rafael desta quinta-feira 6
Rodrigo Rafael
06/02/2025 | 05:13

Qual a importância dos Estados Unidos não colaborar com a meta climática global? O diretor executivo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), André Guimarães, faz uma avaliação da nova ação americana: “é uma péssima notícia para o clima”. Os EUA são os maiores emissores históricos de gases do efeito estufa, responsáveis por cerca de 20% a 25% do dióxido de carbono liberado na atmosfera desde 1950 – emissão associada com um aquecimento de 0,2°C na temperatura global.

“Tem uma diferença entre o que está acontecendo agora, em 2025, e o que foi em 2017. Naquele ano, quando Donald Trump fez a retirada dos EUA do Acordo de Paris, empresas e Estados subnacionais se uniram na iniciativa ‘We are all in’, ou seja, ‘nós continuamos dentro [do Acordo de Paris]. Boa parte da sociedade norte-americana levantou a bandeira de que continuaria no Acordo de Paris, à revelia da decisão do governo federal na época. Mas a gente não viu esse movimento agora, pelo contrário: há setores, como o financeiro, anunciando que vão baixar a barra das medidas de compliance com as questões climáticas dos seus investimentos”, chama a atenção André Guimarães.

Aquecimento Global - Foto: PIXABAY
Aquecimento Global - Foto: PIXABAY

A saída do Acordo de Paris levaria um ano após a apresentação de uma notificação formal às Nações Unidas, que patrocinam as negociações globais sobre o clima. Mas, essa decisão já representa um duro golpe para a cooperação mundial focada em reduzir a dependência de combustíveis fósseis. O que chama a atenção é que o Acordo de Paris foi assinado por 196 países, e completa dez anos em 2025 tendo os Estados Unidos como único país a se ausentar do compromisso.

Coube a Barack Obama, único presidente negro a assumir a Casa Branca, assinar o pacto em 2016, juntamente com presidente chinês Xi Jinping. Os dois países maiores poluidores do planeta assinaram em uma cerimônia paralela à reunião do G20, que reuniu as maiores economias do mundo naquele ano.
Por outro lado, agora o presidente Donald Trump prometeu ampliar significativamente a exploração de petróleo, além de descartar futuras normas de poluição para automóveis e caminhões, as quais ridicularizou como um “mandato de veículos elétricos”. Os EUA é hoje o maior produtor de petróleo e gás do mundo.

Hoje a China é o país que mais emite gases de efeito estufa (GEE) e representa 29% de todas as emissões globais. Em segundo lugar estão os Estados Unidos, com menos que a metade das emissões chinesas. Por outro lado, na série histórica desde 1750 os EUA são, de longe, os maiores emissores desses gases. O Brasil, por sua vez, alcançou o sexto lugar na lista de maiores poluidores. São dados divulgados pela União Europeia, com base em metodologias do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), da ONU.

*Rodrigo Rafael, jornalista, Diretor de Representação Institucional da Assembleia Legislativa e tem MBA em Environmental, Social & Governance (ESG) pelo IBMEC/São Paulo.