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Coluna

Datacenters da inteligência artificial exigirão muita água e energia

Confira a coluna de Rodrigo Rafael desta terça-feira 16
Rodrigo Rafael
16/07/2024 | 05:00

O avanço da inteligência artificial (IA) levanta também preocupações devido ao seu impacto ambiental no mundo. Três pilares são fundamentais para que a inteligência artificial funcione: chips, energia e água doce. Os datacenters (centros de processamento de dados) removem a água da natureza, devolvendo parte com impurezas, e consomem outra parte, que evapora. São galpões repletos de supercomputadores, ar-condicionados e serpentinas. Uma única dessas plantas de grande porte pode consumir a mesma energia que uma cidade de 30 mil habitantes, por exemplo.

Quem digita uma pergunta para um robô virtual turbinado pela IA como o ChatGPT não pensa em quanta energia e água doce essa operação envolve. Além disso, a nova tecnologia também demanda recursos escassos como água para resfriar equipamentos e matérias-primas para a indústria de chips. E segundo especialistas, a demanda por eletricidade nos datacenters deve subir ainda mais nos próximos anos, por causa da expansão do uso da IA.

E o uso de água pela IA não para por aí. Produzir os chips requer quantias enormes de água limpa e doce. Uma fábrica de chips retira vários milhões de litros de água do ambiente por dia. Por concentrar diversas placas em um espaço compacto, para permitir o processamento de dados em escala, e funcionar 24 horas por dia, sete dias por semana, as máquinas geram muito calor. Em um rack (estante de máquinas), com 1,5 metro de altura e 70 centímetros de largura, há de 20 a 30 servidores, que equivalem, cada um, a um computador potente.

O Brasil é o país em que mais foram instalados datacenters na América Latina e o ritmo está impulsionado pela alta demanda por inteligência artificial, pelas demandas legais da LGPD e pela digitalização da economia. No Brasil, os data centers ficam concentrados em quatro polos: São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal e Ceará. Natal, capital do Rio Grande do Norte já tem um.

Relatório da Agência Internacional de Energia (AIE) recentemente estimou que o consumo de energia em Datacenters no mundo foi de 460 terawatt-hora (TWh) em 2022, podendo chegar a 1.050 TWh em 2026 com o avanço da Inteligência Artificial. O Brasil é o maior produtor de energia renovável do mundo e também detentor de água doce, com 12% das reservas do planeta, o dobro do segundo colocado. O Brasil pode ser um país central para a IA, promovendo riqueza local, desenvolvimento e sustentabilidade.

*Rodrigo Rafael, jornalista, Diretor de Representação Institucional da Assembleia Legislativa e tem MBA em Environmental, Social & Governance (ESG) pelo IBMEC/São Paulo.

Gasto exagerado de energia em IAs preocupa / Foto: reprodução
Gasto exagerado de energia em IAs preocupa / Foto: reprodução