O professor e vereador de Natal, Robério Paulino (PSOL), refutou a necessidade do programa temporário apresentado pelo Governo Lula, que propõe a redução de preço de carros e incentivo à renovação da frota de caminhões e ônibus com mais de 20 anos de uso. “A saída é transporte público de qualidade”, defendeu o parlamentar.
O programa foi anunciado no dia 5 de junho pelo Ministério de Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), em parceria com o Ministério da Fazenda. Os descontos estarão disponíveis pelo tempo que durarem os recursos destinados ao programa, que são: R$ 500 milhões para carros; R$ 700 milhões para caminhões; e R$ 300 milhões para ônibus.

Para os carros, haverá sete faixas de desconto, de R$ 2 mil a R$ 8 mil. Para caminhões e ônibus, os descontos vão de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil – tais valores serão abatidos no momento da compra junto à concessionária. A lista de empresas que participarão do programa, e os modelos disponíveis com descontos, deve ser publicada pelo Governo Federal até esta quarta-feira 14.
Para Robério Paulino, a medida é ecologicamente condenável. “Lula está discutindo reduzir imposto para produzir mais carro, mas a saída não é essa, é transporte público. Eu sou professor do departamento de Políticas Públicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a nossa grande discussão é como tirar os carros das ruas, porque o principal elemento de poluição no mundo é o excesso de carros. A frota de automóveis levou 100 anos para chegar a 1 bilhão. Agora, pode dobrar em apenas 15 anos”, explicou.
Ônibus de qualidade tiram 70 carros das ruas, diz vereador
Um dos critérios definidos pelo programa do Governo Federal para concessão do benefício é que os automóveis apresentem maior eficiência energética, ou seja, baixo nível de emissão de carbono. Porém, para o vereador, “a atmosfera não aguenta. Então, a saída não é automóvel, é transporte público de boa qualidade”.
Segundo ele, estudos apontam que um ônibus de boa qualidade pode tirar das ruas até 70 carros por dia. “Não é proibido ter carro, mas se tiver um transporte público bom até a classe média não vai querer ficar em engarrafamento. Em Londres, por exemplo, a classe média não vai trabalhar de carro, vai de metrô. Em Natal, se tivesse ônibus novos em pistas exclusivas, as pessoas deixariam o carro em casa e usariam só no fim de semana”.
Programa para baratear carros vai priorizar ônibus e caminhões

O programa para deixar carros populares mais barato mudou e vai dar prioridade a ônibus e caminhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, deu a informação a jornalistas na manhã desta segunda-feira 5. Haddad e o presidente Lula se reuniram no Palácio do Planalto pra debater o programa. “A gente repaginou o programa e ele ficou mais voltado para o transporte coletivo e o transporte de carga, mas o carro também está contemplado”, disse o ministro, antes da reunião com Lula.
Com as regras do programa, os dois modelos mais baratos à venda atualmente, o Fiat Mobi e o Renault Kwid, que custam R$ 68.990, podem ter os preços reduzidos para menos de R$ 60 mil. Ambos atendem as exigências de índices de emissão – têm classificação A na medição feita pelo Inmetro – e alto índice de nacionalização – o Mobi está na casa dos 90%,segundo a fabricante.
O impacto fiscal ainda não foi calculado porque a duração da medida de incentivo ainda está em aberto. “Temos responsabilidade fiscal”, disse o ministro e vice-presidente Geraldo Alckmin.