Depois de denúncias realizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN) relacionadas à superlotação e escassez de recursos no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, em Natal, a Secretaria de Estado da Saúde Pública (Sesap) submeteu à Justiça um plano de contingência para organizar novamente o fluxo de atendimento.
Na proposta, algumas das medidas seriam o fim do atendimento ortopédico de baixa complexidade e o redirecionamento de pacientes para a estrutura de “barreira ortopédica”. A iniciativa teria o objetivo de diminuir a superlotação nos corredores do hospital. Essa medida depende, ainda, de parcerias com cidades estratégicas que poderiam receber os pacientes por meio de um consórcio interfederativo.

O plano detalhado já foi enviado pela Sesap à 2ª Vara da Fazenda Pública de Natal. Entre os argumentos, a Secretaria afirma que é necessário desenvolver alternativas de atendimento para casos de complexidade ortopédica menor, principalmente resultados de acidentes de motocicletas no estado.
Cerca de 70% dos casos que chegam à unidade são de baixa e média complexidade, o que, de acordo com a Sesap, ocasiona uma sobrecarga que impede o hospital de focar nas emergências de alta complexidade. Os dados são enfatizados no documento encaminhado à Justiça. Em um trecho do documento é dito que “o plano tem como objetivo fazer o ‘esvaziamento’, o mais rápido possível, dos corredores e anexos do HMWG de forma a trazer um grau de normalidade à assistência hospitalar e controle na regulação da porta”.
Em resposta a essa situação, a Sesap propôs a criação de uma “barreira ortopédica” – uma estrutura regionalizada que seria responsável pelo atendimento de casos ortopédicos de menor gravidade, desonerando o HMWG e permitindo que a unidade se concentre em atendimentos de maior urgência. O plano visa, segundo a pasta, a “normalização” da assistência hospitalar e a melhor regulação da porta de entrada para emergências.
A proposta sugere que a barreira ortopédica funcione 24 horas por dia, sete dias por semana, e atenda uma população de até 1,5 milhão de habitantes. A ideia é direcionar os pacientes com fraturas e traumas ortopédicos de baixa complexidade para essa estrutura, aliviando a demanda do HMWG, que atualmente precisa redirecionar recursos e equipes para atender casos mais graves.
A estrutura da barreira ortopédica incluiria uma Sala de Pequenos Procedimentos, equipada com maca, foco de luz, monitor cardíaco e desfibrilador, além de uma Sala de Gesso, com os materiais necessários para imobilização, e um Centro Cirúrgico Simples, para realizar cirurgias de fraturas de baixa complexidade, como fraturas fechadas ou traumas decorrentes de quedas sem impacto craniano.