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Opinião
Retornando aos fatos em uma era de narrativas; leia opinião do AGORA RN
Confira a análise do AGORA RN sobre desafios da modernidade e papel do jornalismo
Redação
31/10/2023 | 05:00

Em uma era marcada pela proliferação de notícias falsas e pela hegemonia de narrativas digitais, o jornalismo enfrenta um dos seus maiores desafios: manter-se fiel ao factual em meio à maré crescente de subjetivismo e análise opinativa. Em artigo publicado no jornal O Estado de S.Paulo, o jornalista Carlos Alberto Di Franco propõe uma reflexão sobre a atual crise de credibilidade no jornalismo e enfatiza a importância vital de se ancorar nos fatos, em detrimento das interpretações pessoais ou da análise engajada.

A expansão acelerada das redes sociais e a facilidade de compartilhamento de informações, segundo Di Franco, contribuíram para um ambiente onde notícias falsas são disseminadas rapidamente, muitas vezes com consequências devastadoras. Esse fenômeno alimentou um desencanto com o jornalismo tradicional, erroneamente visto por muitos como ultrapassado ou menos confiável em comparação com as narrativas digitais aparentemente mais democráticas e plurais.

No entanto, essa virada para o mundo digital não é sem falhas. A internet tende a formar bolhas de informação, isolando os usuários de pontos de vista contrários e criando um eco em que apenas uma nota é tocada. Essa realidade contradiz o conceito de pluralidade, sugerindo que, ao invés de expor indivíduos a uma variedade de perspectivas, as redes sociais frequentemente reforçam preconceitos e opiniões existentes.

Diante disso, ressurge a importância primordial do jornalismo ancorado em fatos. A perda de confiança na mídia tradicional tem muito a ver com um afastamento do jornalismo factual em favor de um subjetivismo engajado. Notavelmente, alguns meios de comunicação têm adotado características das redes sociais, focando mais em opiniões do que em reportagens baseadas em evidências concretas. Isso acarreta uma dupla consequência negativa: a degradação da própria essência do jornalismo e um distanciamento ainda maior entre a mídia e seu público.

Di Franco afirma que o combate às notícias falsas e a manutenção da liberdade de expressão são tópicos complexos que não devem justificar censuras ou limitações indevidas. Essa batalha exige um jornalismo que não só reporte os fatos como também os analise criticamente, mas sempre mantendo-os como a espinha dorsal da narrativa. Isso significa um retorno ao básico: a apuração rigorosa, a verificação meticulosa de fontes e a entrega de um conteúdo que transcenda a superficialidade das opiniões.

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