A Polícia Rodoviária Federal (PRF) tem intensificado a fiscalização nas rodovias do Rio Grande do Norte, especialmente voltada para o combate ao uso de substâncias ilícitas, como os chamados “arrebites”, e para o controle de velocidade excessiva. Em entrevista ao Jornal da Cidade, o policial rodoviário federal Nivaldo Neto detalhou as ações em andamento, que fazem parte de uma operação nacional voltada à segurança no trânsito.
“Portar ou consumir substâncias entorpecentes ao conduzir qualquer veículo é ilegal. Temos feito operações específicas para fiscalizar o descanso obrigatório dos motoristas, o excesso de peso e o uso de drogas por condutores de veículos pesados, como caminhões e ônibus”, afirmou Nivaldo Neto. A operação, iniciada semanas atrás, já apresentou resultados, com flagrantes em diversas localidades do estado.
Dois casos chamaram atenção recentemente: um em São Gonçalo do Amarante e outro em Fernando Pedroza. Em São Gonçalo, um caminhoneiro foi encontrado portando uma cartela com 15 comprimidos de nobésio, conhecido popularmente como arrebite, dos quais cinco já haviam sido consumidos. “O porte desse medicamento é considerado crime de menor potencial ofensivo. O motorista assinou um Termo Circunstanciado de Ocorrência e se comprometeu a comparecer em juízo”, explicou o policial.
Além disso, verificou-se que o caminhoneiro não havia cumprido o descanso obrigatório de 11 horas nas últimas 24 horas. A análise foi realizada por meio do disco de tacógrafo, equipamento obrigatório em veículos pesados para registrar os horários de condução e repouso. No caso em questão, o disco estava vencido, resultando em uma infração administrativa e na obrigatoriedade do descanso do motorista em local seguro.
Nivaldo Neto destacou a importância dessas fiscalizações devido ao alto risco associado aos veículos de grande porte. “Um acidente envolvendo um caminhão pode causar um número elevado de mortes. Tivemos um exemplo recente em Minas Gerais, onde 39 pessoas perderam a vida em um único acidente causado por um motorista que havia feito uso de substâncias ilícitas”, relatou.
O policial também frisou os efeitos perigosos dos arrebites. “Essas drogas inibem o sono, mas, quando o efeito passa, o condutor pode adormecer ao volante, causando acidentes graves. Muitas vezes, esses motoristas estão sob pressão de prazos e acabam recorrendo a esses medicamentos, mas isso coloca em risco a vida deles e de outros usuários das rodovias”, alertou.
Outro problema recorrente abordado pela PRF é o excesso de velocidade. Durante uma fiscalização na BR-101, próximo a Canguaretama, um veículo foi flagrado a impressionantes 225 km/h. “Essa velocidade é absurda, extremamente perigosa e totalmente incompatível com a segurança das vias. Se houvesse um acidente, as chances de sobrevivência seriam praticamente nulas”, enfatizou Nivaldo.
O motorista, que não foi abordado no momento, será autuado administrativamente. A infração gravíssima implica uma multa de R$ 880,41, multiplicada por três, além da suspensão do direito de dirigir após o trâmite administrativo. “A fiscalização com radar móvel foi essencial para identificar esse tipo de conduta irresponsável. Nosso objetivo não é multar, mas preservar vidas”, esclareceu o policial.
Durante a entrevista, Nivaldo Neto também ressaltou a importância dos motoristas profissionais para a economia do país. “Eles são responsáveis pelo transporte de alimentos e bens essenciais. Sabemos que muitos enfrentam pressões e desafios, mas nosso trabalho é garantir a segurança deles e de todos que utilizam as rodovias”, disse.
Ele concluiu a conversa com um apelo à conscientização: “As fiscalizações são necessárias para preservar vidas. Estamos trabalhando para que todos possam trafegar com mais segurança nas estradas do nosso estado e do país.”
As ações da PRF fazem parte de uma operação nacional que continuará ao longo do ano, com novas fases previstas. O foco inclui o combate ao uso de substâncias ilícitas, a fiscalização do cumprimento das normas de trânsito e o controle de velocidade. “A segurança nas rodovias é prioridade, e vamos intensificar nossas ações sempre que necessário”, garantiu Nivaldo Neto.
