Quinta-feira passada houve mais um episódio de grosseria, baixo nível, sexismo e misoginia na Assembleia Legislativa, lugar da democracia e da civilidade.
Coronel Azevedo, sem argumentos, subiu o tom e baixou o nível contra a deputada Isolda Dantas, que falava sobre o Estado não poder custear o serviço público quando a máquina tributária é insuficiente para fazer face às responsabilidades. Sem citá-lo, lembrou quando o coronel-deputado era secretário de Segurança e o Estado chegou ao caos. Nem falou que o machão “correu com a cela” deixando o Estado entregue à bandidagem, saindo de fininho para salvar seu projeto politiqueiro, deixando o governador que o comandava às portas da derrota, para garantir sua eleição de deputado.
Sentiu o peso da comparação e partiu para agredir a petista numa linguagem de esgoto, insinuando que ela teria consumido droga, acusando-a de ter “engolido muita fumaça”, subsidiando o surrado discurso machista fascistoide de que ela estaria “desequilibrada”.
Tática antiga e estúpida, sempre desferida contra Maria do Rosário, Manuela D’Ávila, Gleisi Hoffman e Marielle Franco.
Dilma Rousseff sempre foi acusada de grosseria pelos lambe-botas de Paulo Guedes, conhecido como “fio desencapado”, e Bolsonaro, “cavalo batizado” que chegou à Presidência para envergonhar a História.
A atitude do coronel-deputado é grosseria, baixo nível e covarde, porque, após agredir a deputada, sabendo da repercussão que daria sua insinuação cretina sobre droga, recuou com um argumento idiotizado de que se referia às “queimadas da Amazônia”. Queimadas que têm apoio dos seus cupinchas ideológicos.
Sua fala de botequim equivale à do seu líder, quando disse que não estupraria Maria do Rosário por ela não merecer ou que uma repórter queria “dar um furto”, à de um vereador mossoroense de que a vereadora Marleide Cunha estaria “latindo”, à de Ratinho insinuando que Natália Bonavides deveria ser metralhada ou ao brutamontes Daniel Silveira, quebrando placa de rua simbólica com nome de Marielle Franco.
Mais que birra com Isolda, incomoda a Azevedo o fato de que Fátima Bezerra fez mais pela PM e a segurança que todos os governos a quem ele serviu servilmente. E que a PMRN, que já tem mulheres há 31 anos, agora tem equiparação de gênero. E que Lula está moralizando a “casa de vidro” onde seu líder fascista implantou, como Crivella, um “Gabinete da Corrupção” e empoderou um “Sindicato dos Ladrões” como disse Ciro Gomes de Temer, a quem o coronel apoiou na traquinagem golpista.
Em cinco anos de mandato, o Coronel Azevedo, deputado do absurdo, só foi destaque quando imitou Zé Limeira, dizendo: “Desde 1822, quando Cabral deu aquele grito de independência ou morte, somos um país livre, somos uma nação”.
Crispiniano Neto é poeta e jornalista