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Educação

Estudantes do RN exibem biofilmes, robôs e tecnologia agrícola em Brasília

Projetos de escolas estaduais e do IFRN destacam protagonismo da educação técnica potiguar
Nathallya Macedo*
09/10/2025 | 05:06

Com projetos voltados à tecnologia, à sustentabilidade e ao desenvolvimento regional, estudantes e professores da rede estadual do Rio Grande do Norte participam da 5ª Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica (SNEPT), em Brasília.

Com o tema “Juventudes que inovam, Brasil que avança”, a SNEPT acontece na Arena BRB Mané Garrincha e é promovida pelo Ministério da Educação (MEC), em parceria com a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI). O evento reúne experiências inovadoras de todo o país com o objetivo de fortalecer a Educação Profissional e Tecnológica (EPT).

estudantes do Rio Grande do Norte
Estudantes do RN exibem biofilmes, robôs e tecnologia agrícola em Brasília - Foto: Nathallya Macedo / Agora RN

O RN é representado por quatro instituições da rede estadual: Escola Estadual José Calazans Freire, de Upanema; Escola Estadual Walfredo Gurgel, de Natal; Centro Estadual de Educação Profissional (Ceep) de Assú; e o Instituto Estadual de Educação Profissional, Tecnologia e Inovação (Iern) de Alexandria. Os projetos foram selecionados pela Subcoordenadoria de Educação Profissional (Suep) da Secretaria de Estado da Educação (Seec-RN).

A professora Sayonara Fontes, subcoordenadora de EPT da rede estadual, explica que a proposta é incentivar o protagonismo estudantil. Segundo ela, as instituições de ensino da rede estadual são estimuladas a desenvolverem trabalhos voltados ao desenvolvimento da pesquisa e da inovação, sempre atrelados à formação técnica e profissional dos estudantes.

Entre os destaques, está o biofilme conservante à base de mandioca e compostos naturais, desenvolvido por alunos do Iern de Alexandria. O estudante Daniel Vieira conta que o projeto nasceu como uma alternativa ecológica ao uso do plástico. “Criamos o biofilme, que nada mais é do que ervas fermentadas com forma de mandioca, criando-se uma película que protege as frutas e verduras da oxidação, mofos e bolores”, explicou, em entrevista ao AGORA RN.

A professora Rayanna Campos, orientadora do projeto, ressalta o caráter sustentável e acessível da proposta. “A gente conseguiu fazer uma mistura com extratos naturais de orégano e alecrim, juntamente com goma de mandioca, mel e vinagre de maçã. Essa película aumentou a vida útil das frutas, funcionando como uma barreira antioxidante e antimicrobiana. São produtos de baixo custo e fáceis de preparar”, afirmou.

Da cidade de Assú, o projeto de monitoramento de temperatura e umidade em estufas agrícolas propõe uma ferramenta acessível aos pequenos produtores. “O trabalho consiste em coletar variáveis de temperatura e umidade em estufas, mostrando se o clima está estável, úmido ou seco”, explicou Maria Vitória, estudante do CEEP de Assú. Segundo ela, a tecnologia tem baixo custo e pode ser usada por agricultores familiares.

Representando a Escola Estadual José Calazans Freire, de Upanema, o grupo apresentou o Upa Rover, robô voltado ao monitoramento do bioma Caatinga. “Ele foi criado justamente para preservar e monitorar o ambiente da Caatinga de forma segura e ecológica. No segundo protótipo, utilizamos placas solares e materiais mais resistentes para que ele pudesse navegar sem causar degradação”, contou a estudante Lara Yasmin.

Já os alunos da Escola Walfredo Gurgel, em Natal, apresentaram o projeto de subestação abrigada móvel didática, um contêiner-laboratório que pode ser emprestado a outras escolas. “O nosso projeto visa treinar profissionais das áreas de eletrotécnica e energia. Outras instituições podem pegar esse contêiner emprestado e realizar treinamentos”, explicou Cauã Morais, um dos autores.

A professora Joélia Medeiros, orientadora do projeto, destacou o impacto pedagógico da iniciativa. “O projeto visa capacitar estudantes dos cursos técnicos, oferecendo um laboratório móvel para que possam praticar o que aprendem na teoria. Eles têm a oportunidade de realizar medições e simulações em um ambiente real de trabalho”, afirmou.

Da robótica à astronomia: projetos do IFRN apresentam soluções criativas voltadas à indústria, à sala de aula e ao meio ambiente

Projetos desenvolvidos por estudantes e professores do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) também estão entre os destaques do evento. O professor Cedric Cunha pontuou o protagonismo dos estudantes potiguares e a diversidade dos projetos. Ao todo, são quatro projetos e oito estudantes. Entre as iniciativas estão experimentos de astronomia, drones de mapeamento, jogos educativos e um braço robótico desenvolvido com impressora 3D.

Estudantes do Rio Grande do Norte
Reitor do IFRN, José Arnóbio Filho, com estudantes de diversos campi do RN – Foto: Nathallya Macedo / Agora RN

Do campus Mossoró, os alunos Marina e Miguel apresentaram o projeto de um braço mecânico controlado por microcontroladores Arduino. “Esse projeto visa integrar os estudantes na indústria 4.0, na nossa área da mecânica, da eletrotécnica e também da programação”, explicou Marina.

De acordo com Miguel, a proposta é desenvolver movimentos de precisão com seis servomotores. “A ideia original era fazer uma tarefa pick and place, pegar um objeto em um canto e colocar em outro. Tivemos alguns imprevistos de logística, mas mostramos o que desenvolvemos com os conhecimentos do curso”, disse.

Outra iniciativa que chamou atenção foi o projeto de um dispositivo de jogo pedagógico, pensado para tornar as aulas mais dinâmicas. “É como um ‘pergunta e responde’. Ele funciona basicamente como uma ferramenta de ensino em sala de aula, já que pesquisas comprovam que os alunos aprendem mais com aulas dinâmicas”, explicou Stephanie.

O colega Wagner completou: “A carcaça dele foi feita com material que ia virar lixo. Os LEDs e a bolinha foram feitos com pedaços de lâmpadas descartadas, e o circuito usa uma placa Arduino”.

Já do campus Caicó, o estudante Francisco apresentou um projeto que alia astronomia e educação básica através de óculos de realidade virtual. “O propósito é levar experimentos e brincadeiras sobre astronomia para escolas, especialmente em cidades pequenas que não têm planetários. Os alunos conseguem entrar no sistema, andar nas órbitas, é muito divertido”, contou.

Do campus Macau, duas estudantes apresentaram o projeto “Materializando a Paisagem”, que utiliza ferramentas como o drone e impressões 3D para trabalhar com a topografia de uma forma mais acessível, prática e simples. A ideia é programar uma rota com o drone e fazer o mapeamento das áreas sem esforço físico.

O reitor do IFRN, José Arnóbio, também acompanhou a delegação potiguar no evento e destacou a importância da participação institucional. Segundo ele, a Semana Nacional da EPT reforça o papel dos Institutos Federais como centros de inovação, pesquisa e inclusão. “A presença dos nossos alunos aqui mostra que o IFRN está alinhado às novas demandas tecnológicas e ambientais do país, contribuindo com soluções reais para o desenvolvimento sustentável”, afirmou.

Com mais de 1.400 expositores e 63 instituições, a Semana Nacional da Educação Profissional e Tecnológica começou na terça-feira 7 e segue até quinta 9, como um espaço de integração entre juventude, inovação e futuro.

*A jornalista do AGORA RN viajou a convite do MEC