Em busca de viabilizar o Porto de Natal, a Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte (Fiern) buscou apresentar o local como um ponto ideal para a cabotagem marítima, ou seja, a navegação entre portos de um mesmo país. Segundo a Fiern, este modo pode servir de alternativa ao transporte terrestre e Suape pode ser um dos destinos primários. No entanto, será necessário realizar investimentos de, pelo menos, R$ 260 milhões. E a Indústria local avisou que pretende procurar o poder público para este fim, já que, ainda de acordo com a Casa da Indústria, 72% da produção potiguar sai por terminais portuários de estados vizinhos.
Recentemente, representantes da Indústria do Rio Grande do Norte estiveram na Intermodal South America, considerada a maior feira de logística, tecnologia, transporte de carga e comércio exterior do continente, realizada em São Paulo. Durante o evento, visitaram e conversaram com sete empresas de navegação marítima. “Algumas delas tivemos contato anteriormente, para apresentar o potencial de carga do estado, tanto a carga efetiva que já acontece, mas também aquilo que está sendo trazido ao estado de caminhão e que pode migrar para a cabotagem. Foi um momento importante onde identificamos alternativas para que, realmente, o nosso porto possa retomar o trânsito de cargas”, disse Roberto Serquiz, presidente da Fiern.

Entre as alternativas, está a de transportar uma parte da carga por meio de balsa oceânica dentro do Brasil. De acordo com a Fiern, seria uma alternativa mais barata em relação ao transporte terrestre. “Essa alternativa levaria até 180 containers para o Porto de Suape, em Pernambuco. Desta maneira, teríamos esse trânsito entre o Porto de Natal e o Porto de Suape, o que viabilizaria também esse retorno, porque muito do potencial que foi apresentado são produtos que estão vindo de caminhão, encarecendo essa logística”, apresentou Serquiz.
Ainda conforme o presidente da Fiern, esta é uma alternativa em pauta para buscar soluções para viabilizar o Porto de Natal. “Nós temos uma ociosidade em nosso porto. Cerca de 51% da nossa produção sai pelo Porto de Suape, 21% sai por Pecém, ou seja, estamos levando divisas para os estados vizinhos quando podemos e temos um porto que pode ser viabilizado”, revelou.
NECESSIDADE DE INVESTIMENTOS. Segundo a Federação das Indústrias, para aumentar o volume de atividade, o Porto de Natal precisa passar por adequações. “Quando falamos em adequação, tratamos exatamente daquelas dificuldades que nós já temos conhecimento. Como as defensas da ponte, do calado, do guindaste, do scanner, a necessidade de dragagem do porto. Essas são dificuldades já conhecidas”, detalhou.
Ainda conforme Serquiz, somente a dragagem tem valor estimado em R$ 200 milhões e as outras questões, como defensas, guindaste e scanner, custariam em média R$ 60 milhões. “Imaginar o retorno que este investimento pode trazer do ponto de vista de desenvolvimento para o estado, é um alerta que precisa ser feito e nós temos sim a intenção de bater à porta dos nossos representantes a nível federal, a nível estadual, da governadora do estado para que possamos apresentar essas alternativas de forma muito clara”, apontou.
De acordo com Serquiz, o potencial econômico do RN é grande e o estado não pode aguardar a construção de um outro terminal; seria necessário viabilizar os equipamentos disponíveis para continuar atraindo empresas ao estado. “No Estado do Rio Grande do Norte, com todo o potencial que nós temos na mineração, na fruticultura, na indústria salineira, não temos como continuar esperando um outro porto quando nós temos condições totais de operar – as empresas têm vontade de vir ao RN”, finalizou.