24/06/2017 | 21:23
No começo, parecia loucura. Norman Ohler primeiro ouviu de um amigo, DJ em Berlim e entusiasta da história alemã, a ideia de pesquisar o uso de drogas por Hitler e sua corja durante a Segunda Guerra Mundial. Era um tema interessante, sem dúvida, mas o jornalista não imaginava que chegaria tão longe, não a ponto de publicar um livro sobre o assunto: High Hitler: As Drogas no Terceiro Reich (tradução por Silvia Bittencourt, Editora Planeta, 375 páginas, 56,90 reais).
Para além da questão cultural (os alemães são obcecados pelos eventos que levaram à ascensão do führer, em grande parte pelo medo de que algo como Holocausto volte a acontecer), Ohler tinha um prazer pessoal em trazer à tona um dos muitos defeitos pouco discutidos de Hitler. O autor cresceu ouvindo as desculpas e mentiras de seu avô materno sobre as atrocidades do ditador, que, de certa forma, o impeliram a buscar a verdade sobre o período. “Com o tempo, me tornei uma pessoa política, com convicções de esquerda – em parte para enfrentar os ideais de direita do meu avô”, contou o autor.
Quanto mais fundo Norman escavava o passado de Hitler, mais achava material para seu livro. Ele encontrou os diários de Theodore Morell, médico particular do líder nazista – a quem apelidou de “Paciente A” –, que se tornaram a principal fonte de informações para High Hitler. Visitas aos arquivos públicos da Alemanha e Estados Unidos também confirmaram o faro certeiro do amigo DJ, junto a um passeio pelas ruínas do laboratório onde era produzida a metanfetamina do führer, algo muito superior à fabricação comandada por Walter White (Bryan Cranston) em Breaking Bead.
High Hitler (um trocadilho entre a gíria “high” e a saudação nazista ao führer “hail”) conduz o leitor por uma viagem cronológica pela ascensão e queda do ditador, algumas vezes pelos olhos de Morell, outras pelos de Norman Ohler.
Fonte: Veja