O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demitiu na semana passada Jean Paul Prates do comando da Petrobras. Para Jean, uma perda irreparável, afinal, ele deixou um dos melhores tronos da República: o comando da maior empresa brasileira.
É bem verdade lembrar que já foi um pouco estranho quando Lula, no começo do governo, nomeou Jean para a presidência da Petrobras. Este não era um pleito do PT, pelo menos não do PT do Rio Grande do Norte, que não teria a força para emplacar o nome. Mas o então senador gozava de prestígio e Lula resolveu nomeá-lo.

Agora, ele caiu da torre. Perdeu prestígio por falta de confiança do presidente da República no seu nome. Ele também não tinha, apesar de ser do PT, um espaço considerável dentro do governo. Os ministros da Casa Civil (Rui Costa) e das Minas e Energias (Alexandre Silveira) não tinham com Jean o melhor relacionamento que poderia existir.
Politicamente, fica uma pergunta: teria a governadora Fátima Bezerra (PT) achado ruim a demissão de Jean Paul, por ele ser ligado ao RN, ou teria achado bom porque teria menos uma sombra ao seu nome?
Mesmo sem ter feito nada pela demissão de Jean, sejamos justos. Com a saída do ex-senador do comando da Petrobras, foi diminuído o poder de fogo de outra pessoa dentro do PT. A governadora sabe o que significa ter um possível candidato concorrendo com ela internamente. Jean poderia, em 2026, ser candidato a deputado federal, a senador e até mesmo a governador do Estado. Mas não na saia da governadora. Teria uma força própria, por ter sido presidente da Petrobras.
A governadora, que foi deputada e senadora, é uma pessoa experiente na vida pública. Sabe o peso que isso pode significar em termos de estrutura, espaços e acomodações durante o período eleitoral de 2026, que é o que interessará diretamente a ela.
O fato é que Jean Paul perdeu a Petrobras e ninguém sabe se ele retoma o caminho da política, se vai ser alojado na parte administrativa do governo ou se vai para a área privada. Setor privado, aliás, que parece ter gostado bastante do tempo de Jean da Petrobras. Agora, o mercado vai ficar esperando Jean Paul? Jean Paul vai ficar esperando o mercado? Ou o amor acabou na hora que secou a tinta da caneta da presidência da Petrobras?