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Estratégia
Para agradar a aliados e manter unidade na CPI da Covid, Renan Calheiros ameniza tom em depoimentos
Relator, que teve atritos com presidente da comissão nos primeiros depoimentos, reconhece ajuste para ‘não ir além da conta’
O Globo
24/05/2021 | 11:20

Político experiente, por quatro vezes presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (MDB-AL) ainda tenta acertar o tom na relatoria da CPI da Covid. Pressionado por adversários e alvo de críticas dos próprios aliados, Renan se equilibra para manter a imagem combativa nas redes sociais e, ao mesmo tempo, garantir a maioria do colegiado unificada ao seu lado.

— Tenho procurado acertar o tom para não parecer uma coisa além da conta — reconheceu Renan ao GLOBO.

Apesar de atuarem juntos, o início dos depoimentos na CPI foi marcado por divergências entre Renan e o presidente do colegiado, Omar Aziz (PSD-AM). O episódio mais marcante ocorreu em 12 de maio, quando o relator pediu a prisão do ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, por falso testemunho. Renan fez a solicitação quanto o presidente estava ausente da sessão. A aliados, Aziz disse que havia combinado minutos antes para que o pedido não fosse feito daquela forma — e se sentiu traído. Renan reiterou o pedido na volta do presidente, destacando ter o apoio do vice, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), provocando reação de Aziz

— Vossa Excelência tinha falado comigo sobre a questão da prisão, eu disse que não iria fazê-lo, eu não iria fazê-lo. E Vossas Excelências insistiram com isso. Eu não sou idiota. Nós falamos aqui, eu falei: “Olha, não vou fazer isso” — rebateu Aziz, na sessão.

De forma reservada, o presidente da CPI brincou que Renan estava dando mais trabalho do que os senadores do PT, adversários declarados do presidente Jair Bolsonaro. No dia do pedido de prisão de Wajngarten, que acabou sendo rejeitado por Aziz, foi Humberto Costa (PT-PE) quem propôs a solução alternativa de encaminhar os fatos ao Ministério Público.

A prisão de Wajngarten, na visão de alguns membros do colegiado, poderia ser facilmente revertida. Além disso, a possibilidade acabou abrindo margem para o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello conseguir um habeas corpus no STF para se proteger de medida semelhante.

Na mesma semana, Aziz tentou convencer Renan a não colocar o número de mortos decorrentes da Covid-19 no lugar da placa de identificação com o seu nome. Inicialmente, o relator foi convencido pelo presidente a recuar. No dia seguinte, entretanto, expôs a placa e vem mantendo a prática desde então.

Após os atritos, um dos integrantes da cúpula da CPI chegou a brincar que, numa reunião, senadores “meditaram” com Renan para acalmá-lo. A estratégia deu certo e ele baixou o tom nos últimos dias.

— O início foi atropelado porque eles judicializaram a minha designação e contestaram duramente na CPI, nas primeiras reuniões, teve ali uma forçação muito dura, eu tive que responder, e quando estava tudo serenado veio o negócio do Flávio (Bolsonaro). Mas eu mantive o tom, eu perguntei tudo o que precisava ser perguntado para todos — afirmou Renan, ao ser questionado sobre a mudança de postura.

Com a mudança, o relator chegou a ser elogiado até mesmo pelo senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE), no depoimento do ex-chanceler Ernesto Araújo:

— Desta vez eu até reconheço o tratamento do Senador Renan Calheiros, tratamento mais polido nesta sessão.

Arthur Weintraub na CPI

Apesar das alterações, Renan ainda não agradou completamente aos aliados. No primeiro dia de depoimento do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, o relator levou cerca de cinco horas para fazer os seus questionamentos, o que deixou pouco tempo para outros falarem e fez com que a sessão fosse interrompida até o dia seguinte. Para pessoas próximas, naquele dia “o Renan que conhecemos” não apareceu, e o desempenho ficou abaixo do esperado.

O senador Humberto Costa apresentou no domingo requerimento para convocar o ex-assessor da Presidência da República Arthur Weintraub para depor à CPI. Se aprovado, a comissão irá investigar a participação dele num suposto “gabinete paralelo” no Ministério da Saúde. Às margens da pasta oficial, o grupo teria aconselhado o governo, sobretudo o presidente Jair Bolsonaro, com sugestões sobre a defesa do tratamento precoce, com medicamentos sem eficácia comprovada contra a Covid-19. Discurso e lives mostram que o advogado, irmão mais novo do ex-ministro da Educação Abraham Weintraub, trabalhou ao lado dos médicos Luciano Azevedo, Nise Yamaguchi — que chegou a ser cotada para ministra da Saúde — e Paulo Zanotto, defensores da cloroquina.

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