A Polícia Civil do Rio Grande do Norte cumpriu nesta quarta-feira 8 quatro mandados de busca e apreensão no âmbito de uma operação deflagrada para apurar possíveis desvios na Controladoria-Geral do Estado (Control), órgão que faz a auditoria interna de processos do Governo do Estado e assessora a aquisição de bens e serviços pelas secretarias.
A operação foi realizada pelo Departamento de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro. Segundo a Polícia Civil, os mandados foram cumpridos em Natal e outros municípios da região metropolitana. “A investigação transcorre em sigilo e deve prosseguir até a completa elucidação dos fatos apurados”, informou a polícia.
Os supostos desvios teriam sido ocorridos em 2020, realizados por servidores e ex-servidores públicos que visavam cargos eletivos. Os nomes dos funcionários envolvidos e mais detalhes sobre a investigação não foram divulgados.
A reportagem apurou, no entanto, que o principal alvo da operação é o auditor fiscal Pedro Lopes, que na época era o chefe da Controladoria-Geral do Estado. Atualmente, ele é secretário estadual de Administração e Recursos Humanos. Em 2022, ele foi candidato a deputado estadual pelo PT.
Fontes do AGORA RN indicam que a investigação apura possíveis desvios de doações de produtos arrecadados durante a pandemia de Covid-19 em 2020.
No auge da pandemia, a Control funcionou como uma centralizadora das doações de itens relacionados a pandemia e distribuía para instituições filantrópicas cadastradas no órgão. Os programas criados foram o RN Chega Junto e o RN Mais Seguro.
A polícia identificou que algumas das entidades que estavam listadas na Controladoria não existiam. A investigação apura se esses produtos teriam sido desviados através desses “cadastros fantasmas” com finalidade eleitoral, para compra de votos.
Ontem, a polícia esteve na casa do ex-controlador cumprindo mandados de busca e apreensão. Além dele, outros dois servidores da Controladoria também são alvos da investigação.
Um dos mandados da operação desta quarta-feira foi cumprido na própria sede da Control, que hoje é comandada pela advogada Luciana Daltro.
Em nota, a Control afirmou que está à disposição das autoridades para esclarecimentos e acrescentou que “determinou a instauração imediata de auditoria sob escopo investigativo para apurar eventuais desvios de condutas praticados pelos servidores e ex-servidores”.
“Na mesma linha, a Control expediu comunicação à Procuradoria-Geral do Estado (PGE), relatando o fato, para que proceda com a designação formal de procuradores para o acompanhamento do caso. Ademais, esta Controladoria determinou à Corregedoria-Geral a abertura de procedimento para apurar a responsabilidade dos servidores e ex-servidores envolvidos”, afirmou o órgão.
O Sindicato dos Policiais Civis do Rio Grande do Norte (Sinpol) também se pronunciou sobre o caso. “A ação reforça o caráter isento da investigação realizada pelos policiais civis e demonstra o comprometimento da categoria com as atribuições de suas funções, zelando pelo patrimônio público e atuando de maneira incansável para combater atos ilícitos, independente da esfera que seja”, diz a nota, acrescentando que a investigação tem “a responsabilidade e a independência que a função exige”.
