O Dia do Cinema Brasileiro, comemorado em 19 de junho, celebra uma trajetória que começou em 1898, quando Afonso Segreto, um italiano radicado no Brasil, registrou as primeiras imagens em movimento do país, na Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro. De lá para cá, o cinema nacional se consolidou como um espaço potente de arte, memória, resistência e denúncia.
Muito além do entretenimento, o audiovisual brasileiro é uma ferramenta para contar histórias que dialogam com as desigualdades sociais, as belezas culturais e as contradições do país. Seja adaptando grandes obras da literatura, seja criando narrativas originais, os filmes nacionais ajudam a compreender o Brasil, seus conflitos, sua gente e sua pluralidade.

Um dos maiores sucessos recentes é “Ainda Estou Aqui”, dirigido por Walter Salles, que narra a luta de Eunice Paiva após o desaparecimento do marido, o ex-deputado Rubens Paiva, durante a ditadura militar. O filme, baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, se tornou o primeiro brasileiro a vencer o Oscar de Melhor Filme Internacional.
Outro destaque que ganhou o mundo foi “Bacurau”, gravado no interior do Rio Grande do Norte, nas cidades de Parelhas e Acari, mais precisamente no povoado da Barra. O filme, dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, mostra a resistência de uma comunidade do sertão que enfrenta ameaças externas e o completo abandono do poder público. A obra se tornou símbolo de resistência social e foi premiada no Festival de Cannes.
Um destaque recente do cinema nacional é “Homem com H”, cinebiografia do cantor Ney Matogrosso, dirigida por Esmir Filho. O filme retrata a trajetória do artista desde a infância até sua consagração como ícone da música e da liberdade de expressão no Brasil. Com uma estética ousada, que mistura realidade e performance, a obra foge dos padrões tradicionais de biografias e celebra a força, a irreverência e a resistência de Ney, que desafiou normas de gênero e comportamento na cultura brasileira.
Obras clássicas também seguem fundamentais, como “A Hora da Estrela”, de Suzana Amaral, baseado na obra de Clarice Lispector. A história acompanha Macabéa, uma jovem nordestina invisível socialmente, que tenta sobreviver na cidade grande.
O cinema brasileiro é plural. Seus filmes transitam entre o drama, o humor, o documentário, a ficção e o retrato social, sempre trazendo reflexões profundas sobre o país e sua gente.
A seguir, conheça 10 sugestões de filmes brasileiros para refletir e se emocionar:
– “A Hora da Estrela” (1985)
Direção: Suzana Amaral
Baseado no livro de Clarice Lispector.
Conta a história de Macabéa, uma jovem nordestina que luta contra a invisibilidade social em São Paulo.
– “Ainda Estou Aqui” (2024)
Direção: Walter Salles
Relato emocionante da luta de Eunice Paiva e sua família contra os impactos da ditadura militar.
Vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional.
– “Pacarrete” (2019)
Direção: Allan Deberton
Pacarrete é uma bailarina idosa e excêntrica do interior do Ceará que sonha em se apresentar nas festas da cidade.
O filme é uma homenagem à arte, à resistência e ao desejo de reconhecimento, com humor e sensibilidade.
– “Bacurau” (2019)
Direção: Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles
Uma comunidade do sertão nordestino luta por sobrevivência e resistência diante de ameaças externas.
– “Cidade de Deus” (2002)
Direção: Fernando Meirelles e Kátia Lund
Obra que retrata o crescimento do crime organizado em uma favela do Rio de Janeiro, baseada em fatos reais.
Foi indicada a quatro categorias do Oscar.
– “O Auto da Compadecida” (2000)
Direção: Guel Arraes Baseado na obra de Ariano Suassuna, mistura humor, drama e crítica social, acompanhando as aventuras dos nordestinos João Grilo e Chicó.
– “Homem com H” (2025)
Direção: Esmir Filho Documentário que mergulha na vida e na carreira de Ney Matogrosso, um dos maiores artistas brasileiros, conhecido por desafiar padrões.
– “O Agente Secreto” (2025)
Direção: Kleber Mendonça Filho Suspense político ambientado na ditadura militar, o filme acompanha um agente envolvido em espionagem e vigilância no Recife dos anos 1970.
Com humor ácido e crítica social, a obra reflete sobre controle, resistência e liberdade.
– “Que Horas Ela Volta?” (2015)
Direção: Anna Muylaert
Retrata os conflitos que acontecem entre Val, uma empregada doméstica do Brasil e seus patrões de classe média alta, criticando as desigualdades da sociedade brasileira.
– “Central do Brasil” (1998)
Direção: Walter Salles
O filme conta a jornada de uma mulher que ajuda um menino a encontrar o pai pelo interior do Brasil, abordando temas como afeto e desigualdade social.
Foi indicado ao Oscar e ganhou prêmios internacionais.